Filme do Dia: My Childhood (1972), Bill Douglas

My Childhood (Reino Unido, 1972). Direção e Rot. Original: Bill Douglas. Fotografia: Mick Campbell. Montagem: Brand Thummin. Com: Stephan Archibald, Hugh Restorick, Jean Taylor Smith, Karl Fieseler, Bernard McKenna, Paul Kermack, Helena Gloag, Ann Smith.
1945. Jamie (Archibald) e seu irmão mais velho, Tommy (Restorick) vivem numa miserável situação em meio às minas de carvão na Escócia, onde toda a mão-de-obra masculina do vilarejo praticamente trabalha. Os garotos vivem com a avó (Smith), e são de pais diferentes. Jamie cria um gato e Tommy um pássaro. Quando o gato, num descuido, devora o pássaro, Tommy, indignado, o mata. Jamie visita, com a avó, o hospital onde a mãe se encontra internada com problemas psiquiátricos. Bastante apegado com o alemão Helmuth, que se encontra numa base militar, Jamie submete-se a um pedófilo por uns trocados. Algum tempo depois, no entanto, Helmuth retorna à Alemanha e a avó é encontrada morta pelos irmãos numa cadeira. Jamie se joga em um trem de carvão e aparentemente parte da cidade.
É inescapável a analogia com outra trilogia célebre, a de Terence Davies, também produzida em p&b e na mesma década, também voltada para memórias pessoais e igualmente soturna e anti-sentimental, assim como produzida pelo BFI. Ou  ainda se pode comparar o protagonista daqui com o do Kes, de Loach. Aqui, no entanto, as dificuldades econômicas e sociais são ainda mais prementes. Como na trilogia de Davies não se faz uso de trilha musical, os atores se encontram longe do mainstream e o corte é igualmente seco. Boa parte do impacto do filme se encontra não exatamente na interpretação dos garotos, embora ela seja ótima, mas na própria máscara facial de demasiado sofrimento e amargura precoces. Algo que o filme extrai provavelmente de uma história de vida não muito distante, guardadas as devidas proporções e a mudança de tempo entre o que é narrado e o que é filmado, e marcada por fins trágicos de suicídio e morte por overdose em período próximo a da morte do próprio realizador. Como no caso da trilogia de Davies, trata-se do tipo de filme que potencialmente inviabiliza qualquer outra produção posterior com o mesmo patamar de evocação biográfica despida dos “luxos” habituais associados a produções de maior pretensão comercial, ainda quando igualmente válidos – como é o caso de Vozes Distantes, de Davies. BFI. 46 minutos.


Comentários

  1. Nunca ouvi falar do filme ... mas, se em algum momento lembra Kes - pode ser interessante.


    Movies Eldridge
    http://movieseldridge.blogspot.com.br/

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  2. Vale muito a pena vê-lo Chris! é um média metragem bem interessante. Apareça sempre!!

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