Filme do Dia: Amar e Morrer (1958), Douglas Sirk
Amar e Morrer (A Time to Love and a
Time to Die, EUA, 1958). Direção: Douglas Sirk. Rot. Adaptado: Orin Jennings, baseado no romance
de Erich Maria Remarque. Fotografia: Ruseell Metty. Música: Miklós Rózsa.
Montagem: Ted J. Kent. Dir. de arte: Alexander Golitzen
& Alfred Sweeney. Cenografia: Russell
A. Gausman. Figurinos: Bill Thomas. Com: John Gavin, Liselotte Pulver,
Jack Mahoney, Don DeFore, Keenan Wynn, Erich Maria Remarque, Dieter Borsche,
Barbara Rütting.
Ernest Graeber (Gavin) é dispensado de
sua unidade do exército alemão, na Segunda Guerra Mundial e vai até Berlim,
onde residia sua família. Porém só encontra ruínas e não consegue localizar os
pais. Em busca de informações, vai até o médico da família, mas encontra
somente sua filha, Elizabeth Kruse (Pulver), que também procura por seu pai.
Aos poucos uma forte relação nasce entre os dois. No curto período de licença
vão a um jantar em um dos restaurantes mais chiques da cidade, casam e
encontram o alojamento onde morava Elizabeth completamente em ruínas, além dela ter recebido uma convocação do governo. Buscam a ajuda do refugiado
Professor Pohlmann, que os abriga nas ruínas da catedral, onde vive. Ernest tem
notícia que seus pais encontram-se vivos, porém ao atender a convocação feita à
esposa, surpreendentemente recebe as cinzas do pai dela. Ele tenta, em vão,
adiar seu retorno ao campo de batalha, onde é morto por um prisioneiro de
guerra que tornara livre pouco antes, ao custo de ter matado um companheiro do
exército.
Filme que não se encontra à altura dos
melhores que Sirk dirigiu na década de 1950 – geralmente melodramas
contemporâneos – e longe da melhor adaptação de Remarque para o cinema, Nada de Novo no Front, dirigida por
Lewis Milestone em 1930. Ainda assim, sua suavização do período retratado – que
faz com que as ruínas nas locações alemãs pareçam tão estilizadas quanto
os extravagantes dramas de estúdio habituais do cineasta – não consegue
disfarçar de todo o tom sombrio do filme. Não existe, por exemplo, a
gratificação do reencontro entre o protagonista e seus pais, ainda que se saiba
que se encontram vivos. Da mesma forma a relação afetiva do casal apresenta
sinais de quão efêmeros são os desejos particulares frente a uma realidade
social comprometida e instável como a da guerra. Não faltam clichês idênticos
ao da obra mais conhecida de Remarque (que, por sinal, fez sua única aparição
no cinema aqui), adaptada por Milestone, como o soldado que retorna à frente de
batalha e vê seu melhor amigo ser morto, pouco antes dele também tombar. Uma
leve insinuação homoerótica ocorre na seqüência em que um oficial nazista, que
estudara com Ernest, demonstra-se ansioso por vê-lo banhado em sua mansão. O
tom agridoce do filme ainda hoje é emocionalmente provocativo. Outra diferença
nessa produção, com relação aos melodramas tradicionais de Sirk, é a escolha do
elenco, sem a presença de atores que habitualmente colaboravam com ele. Klaus
Kinski faz uma ponta como oficial da SS. Universal. 132 minutos.
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