Filme do Dia: Os Agentes do Destino (2011), George Nolfi
Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau, EUA, 2011). Direção: George Nolfi. Rot.
Adaptado: George Nolfi, a partir do romance The
Adjustment Team, de Philip K. Dick. Fotografia: John Toll. Música: Thomas
Newman. Montagem: Jay Rabinowitz. Dir. de arte: Kevin Thompson & Steven H.
Carter. Cenografia: Susan Bode. Figurinos: Kasia Walicka-Maimone. Com: Matt Damon, Emily Blunt, Michael Kelly, Anthony
Mackie, John Slattery, Lisa Thoreson, Florence Kastriner, Phyllis MacBride.
David Norris
(Damon) é um forte candidato a uma brilhante carreira política que vê sua vida
subitamente transformada ao encontrar no banheiro masculino a bela Elise
(Blunt). David descobre a existência de uma corporação subterrânea que
direciona os destinos das pessoas e faz de tudo para que os dois permaneçam
separados, pois só assim Elise se tornará um das mais brilhantes coreógrafas e
bailarinas de seu tempo e Norris chegará a assumir a Casa Branca. Com a ajuda de Harry Mitchell (Mackie), David
consegue forças para lutar contra os desígnios preparados para ele e leva
consigo Elise para longe do casamento com um outro homem, no momento do mesmo.
Essa adaptação de
mais um romance de Dick (cuja obra adaptada para o cinema que se tornou mais
célebre foi Blade Runner) é o filme
de estréia do roteirista Nolfi, que certamente deveria estar pensando em seguir
aqui os passos do sucesso de O Ultimato
Bourne, também roteirizado por ele e com o mesmo Damon. O resultado, no
entanto, soa por demais burocrático e pouco inventivo para se tornar
minimamente interessante. Ao secundarizar a trama política pelo aberto – e
inócuo – romantismo em meio a uma trama sobrenatural, essa mescla entre
realismo e fantasia torna-se bem menos pródiga do que na ficção de Ridley
Scott. O filme parece apenas reprocessar temas já por demais visitados pelo
cinema, recente ou não. Das portas que se abrem para locais distintos (de uma
maneira geral, bastante turísticos de Nova York, como o Museu de Arte Moderna
ou a Estátua da Liberdade) que evoca a dinâmica do mundo da tela
computadorizada (e que já havia rendido um uso mais interessante na animação Monstros S.A.) à referência a automatização
associada ao universo das corporações, enquanto morte da individualidade, algo
já presente no distante A Turba,
tudo soa como um amontoado de clichês. Não falta o auxílio politicamente
correto de um “anjo negro do bem” que irá dar o empurrãozinho final para a
felicidade de casal, sintomaticamente pensada como distante da celebridade no
mundo da política e da dança e não muito distante da do espectador médio ao
qual foi pretensamente dirigido. Como reza a tradição da narrativa
melodramática em sentido mais amplo, ocorre toda uma movimentação de vários
agentes preocupados com o destino de um único homem. Por mais que fique claro
que eles comandam o destino de quase todos, de fato do início ao final do filme
eles parecem vinculados somente a figura de David, remetendo a fantasias
narcísicas não menos condescendentes – ainda que de longe mais interessantes –
como a do clássico A Felicidade Não se
Compra (1946) de Frank Capra. Sua rotineira trilha sonora, insistente em se
fazer presente na maior parte da ação, bem poderia servir como metáfora para o
produto final da qual faz parte. Universal
Pictures/Media Rights/Gambit Pictures para Universal Pictures. 106 minutos.
Comentários
Postar um comentário