The Film Handbook#11: George Lucas
George Lucas
Nascimento: 14/05/1944/Modesto, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1965-
Juntamente com Steven Spielberg, com quem regularmente colaborou, George Lucas é o mais bem sucedido, em termos financeiros, dos "fedelhos" de Hollywood. De forma reveladora, após três longas ele parece ter abandonado a direção pela produção; de fato, sua importância reside menos em seus filmes por si próprios que na sua influência em várias tendências correntes - incluindo o marketing - no cinema americano.
Lucas estudou cinema na University of Southern California onde seus curtas (incluindo uma premiada sátira sobre um futuro controlado por robôs, THX 1138: 4EB) prometia um futuro de um cineasta relativamente experimental. Graças à sua amizade com Coppola (de quem foi assistente em O Caminho do Arco-Íris/Finian's Rainbow e Caminhos Mal Traçados/The Rain People) ele foi capaz de expandir seu filme cibernético num longa, THX 1138>1, uma narrativa bem mais convencional no estilo 1984 de um indivíduo que se rebela contra a indução as drogas e o conformismo do sexo livre da sociedade subterrânea na qual vive, fugindo em busca de liberdade. O que distingue o que, de outra forma, seria um filme banal e previsível é a utilização do som (realizado por Walter Murch) e imagens por Lucas para estabelecer um mundo sinistro, onde cada ação é vista e ouvida por autoridades policiais invisíveis: as telas de vídeo proliferam e incidentalmente emprestam ao enredo uma fragmentada e falsa sensação de complexidade. Igualmente imaginativo, entretanto, foi o desenho de produção do filme como um todo, com atores carecas surgindo de uma brancura ofuscante de seu ambiente, reforçando o tema do conformismo universal.
O filme não foi um sucesso, mas para Loucuras de Verão (American Graffiti)>2 o jovem diretor inspirou-se em suas nostálgicas memórias de adolescência para criar um engenhoso e colorido, ainda que em última instância, agradável diversão sobre música, amizade e rituais em quatro rodas da juventude californiana dos idos dos anos 60. Enfatizando a inocência de um passado mítico, Lucas secundariza a realidade dolorida para pintar um retrato frequentemente sexista e repleto de fãs de rock, rapazes covardes, garotas complacentes e carros envenenados imersos numa longa noite em um absurdo evento povoado pela busca de emoções e auto-descoberta. A despeito de seu ritmo contínuo, excelente trilha musical e soberbas atuações de um grupo de atores então desconhecidos, o filme é, ao final de contas, raso - qualidade ainda mais óbvia no gigantesco sucesso que representa a fantasia espacial Guerra nas Estrelas (Star Wars)>3 que, sozinho, voltou os ponteiros do relógio para a ficção-científica adulta por décadas. Um estúpido show de luzes com com virtuosos efeitos especiais, personagens pré-fabricados e um enredo com fórmulas de aventuras, Guerra nas Estrelas bebeu em fontes tão diversas quanto Rastros de Ódio/The Searchers, lendas do Rei Arthur e seriados como Buck Rogers para criar um conto do Bem x Mal tão frio e calculado quanto a sua descarada falta de substância. Mais uma vez nostalgia por moralidades preto-no-branco e heróis não problemáticos se encontram no coração do filme: de fato, tanto sua mensagem quanto sua promoção, que angariou mais lucros com brinquedos, camisetas e outras efemérides vinculadas ao mesmo, podem ser observadas como a expressão derradeira do Sonho Americano.
Com sua fama e fortuna asseguradas, Lucas desde então tem se concentrado na produção (e ocasional co-roteirização) de aventuras semelhantes direcionada a crianças e adolescentes não muito exigentes: as duas sequencias de Guerra nas Estrelas (O Império Contra-Ataca/The Empire Strikes Back e O Retorno de Jedi/The Returno of the Jedi), para não mencionar seu envolvimento nos filmes da série Indiana Jones, de Spielberg, tornam-o um dos mais poderosos magnatas de Hollywood. É uma pena, portanto, que ele não pareça interessado em produzir nada além das mais fantasiosas das histórias ou os mais esquemáticos dos personagens. Portanto, pode-se argumentar que sua influência nos recentes desenvolvimentos do cinema - notavelmente seu foco simplório no público adolescente - é pouco saudável. Suas produções são pura merchandising mais que arte.
Nascimento: 14/05/1944/Modesto, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1965-
Juntamente com Steven Spielberg, com quem regularmente colaborou, George Lucas é o mais bem sucedido, em termos financeiros, dos "fedelhos" de Hollywood. De forma reveladora, após três longas ele parece ter abandonado a direção pela produção; de fato, sua importância reside menos em seus filmes por si próprios que na sua influência em várias tendências correntes - incluindo o marketing - no cinema americano.
Lucas estudou cinema na University of Southern California onde seus curtas (incluindo uma premiada sátira sobre um futuro controlado por robôs, THX 1138: 4EB) prometia um futuro de um cineasta relativamente experimental. Graças à sua amizade com Coppola (de quem foi assistente em O Caminho do Arco-Íris/Finian's Rainbow e Caminhos Mal Traçados/The Rain People) ele foi capaz de expandir seu filme cibernético num longa, THX 1138>1, uma narrativa bem mais convencional no estilo 1984 de um indivíduo que se rebela contra a indução as drogas e o conformismo do sexo livre da sociedade subterrânea na qual vive, fugindo em busca de liberdade. O que distingue o que, de outra forma, seria um filme banal e previsível é a utilização do som (realizado por Walter Murch) e imagens por Lucas para estabelecer um mundo sinistro, onde cada ação é vista e ouvida por autoridades policiais invisíveis: as telas de vídeo proliferam e incidentalmente emprestam ao enredo uma fragmentada e falsa sensação de complexidade. Igualmente imaginativo, entretanto, foi o desenho de produção do filme como um todo, com atores carecas surgindo de uma brancura ofuscante de seu ambiente, reforçando o tema do conformismo universal.
O filme não foi um sucesso, mas para Loucuras de Verão (American Graffiti)>2 o jovem diretor inspirou-se em suas nostálgicas memórias de adolescência para criar um engenhoso e colorido, ainda que em última instância, agradável diversão sobre música, amizade e rituais em quatro rodas da juventude californiana dos idos dos anos 60. Enfatizando a inocência de um passado mítico, Lucas secundariza a realidade dolorida para pintar um retrato frequentemente sexista e repleto de fãs de rock, rapazes covardes, garotas complacentes e carros envenenados imersos numa longa noite em um absurdo evento povoado pela busca de emoções e auto-descoberta. A despeito de seu ritmo contínuo, excelente trilha musical e soberbas atuações de um grupo de atores então desconhecidos, o filme é, ao final de contas, raso - qualidade ainda mais óbvia no gigantesco sucesso que representa a fantasia espacial Guerra nas Estrelas (Star Wars)>3 que, sozinho, voltou os ponteiros do relógio para a ficção-científica adulta por décadas. Um estúpido show de luzes com com virtuosos efeitos especiais, personagens pré-fabricados e um enredo com fórmulas de aventuras, Guerra nas Estrelas bebeu em fontes tão diversas quanto Rastros de Ódio/The Searchers, lendas do Rei Arthur e seriados como Buck Rogers para criar um conto do Bem x Mal tão frio e calculado quanto a sua descarada falta de substância. Mais uma vez nostalgia por moralidades preto-no-branco e heróis não problemáticos se encontram no coração do filme: de fato, tanto sua mensagem quanto sua promoção, que angariou mais lucros com brinquedos, camisetas e outras efemérides vinculadas ao mesmo, podem ser observadas como a expressão derradeira do Sonho Americano.
Com sua fama e fortuna asseguradas, Lucas desde então tem se concentrado na produção (e ocasional co-roteirização) de aventuras semelhantes direcionada a crianças e adolescentes não muito exigentes: as duas sequencias de Guerra nas Estrelas (O Império Contra-Ataca/The Empire Strikes Back e O Retorno de Jedi/The Returno of the Jedi), para não mencionar seu envolvimento nos filmes da série Indiana Jones, de Spielberg, tornam-o um dos mais poderosos magnatas de Hollywood. É uma pena, portanto, que ele não pareça interessado em produzir nada além das mais fantasiosas das histórias ou os mais esquemáticos dos personagens. Portanto, pode-se argumentar que sua influência nos recentes desenvolvimentos do cinema - notavelmente seu foco simplório no público adolescente - é pouco saudável. Suas produções são pura merchandising mais que arte.
Genealogia
Ainda mais do que Spielberg, Lucas adere ao suave, infantil e disneyano conceito de entretenimento; muitos diretores mais jovens, poucos talentosos, tem seguido seu exemplo, enquanto antigos colegas como Murch, Coppola, Milius e Haskel Wexler parecem adultos em comparação, Sua companhia de efeitos especiais, a Industrial Light & Magic, é grandemente influente nos desenvolvimentos técnicos do cinema.
Leituras Futuras
Sjkywalking de David Pollock (Londres, 1983) e The Movie Brats (Nova York, 1979), de Linda Myles e Michael Pye.
Destaques
1. THX 1138, EUA, 1971 c/Robert Duvall, Donald Pleasence, Maggie McOrmie
2. Loucuras de Verão, EUA, 1973 c/Richard Dreyfuss, Ron Howard, Candy Clark, Paul Le Mat
3. Guerra nas Estrelas, EUA, 1977, c/Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher
Comentários
Postar um comentário