Filme do Dia: Para Sempre Lilya (2002), Lukas Moodyson
Para Sempre Lilya (Lilja
4-Ever, Suécia/Dinamarca, 2002). Direção e Rot. Original: Lukas Moodysson.
Fotografia: Ulf Brantas. Música: Nathan Larson. Montagem: Michal Leszczylowski,
Oleg Morgunov & Bernard Winkler. Dir. de arte: Josefin Asberg. Figurinos:
Denise Östholm. Com: Oskana Akinshina, Artyom Bogucharsky, Lyubov Agapova,
Liliya Shinkaryova, Elina Benenson, Pavel Ponamaryov, Tomasz Neuman, Anastasyia
Bedredinova.
Lilja (Akinshina) é uma jovem russa de 16 anos abandonada
pela mãe (Agapova), que parte para os EUA com o amante. Desesperada e sem apoio
financeiro ou emotivo de mais ninguém, ela passa a dividir o apartamento com o
ainda mais jovem Volodja (Bogucharsky), que se torna uma figura de irmão mais
jovem. Prostituindo-se para conseguir algum dinheiro, Lilja conhece o jovem
Andrei (Ponomaryov), que se diz apaixonado e a convida para viajar com ele para
a Suécia. Mesmo triste por deixar Volodja, que se suicida, Lilja parte e vê-se
presa de uma quadrilha internacional de agenciamento de prostitutas. Descrente
de qualquer valor moral pula de uma ponte.
Previsível drama que descreve com subliminar ironia a tão
propalada globalização (seria por acaso que Lilja passa boa parte do filme
consumindo Macdonald´s?), através de um pessimista retrato das ilusões perdidas
que a levam, em última instância, ao suicídio final. Narrado de forma circular,
iniciando e retornando ao momento em que Lilja decide saltar da ponte, o filme
igualmente abusa das estratégias visuais dos cineastas conterrâneos do
Dogma-95. Nesse sentido, a presença freqüente de zooms com câmara tremida de
influência jornalística à guisa de maior urgência realística. Ao mesmo tempo se
apela para uma dimensão de fantasia, representada pelas inserções não menos
excessivas da figura de Volodja como anjo da guarda da protagonista, como
calculado toque de poesia que vem amenizar um pouco seu tom sombrio e
configurar uma pseudo-catarse final, com a dupla jogando basquete no telhado do
edifício, após a habitual inserção de cenas da vida de Lilja com propósito de
evidente manipulação emocional. Ao mesmo tempo que vai pouco além do voyeurismo
de uma realidade social bem conhecida, dando configuração dramática ao que no
jornalismo fica restrito ao caráter informativo, ainda assim consegue ir além
do melodrama auto-centrado nas intrigas familiares do tedioso conterrâneo e
contemporâneo Corações Livres
(2002), de Susanne Bier. Memfis Film Rights AB/Det Dansk Filminstitut/Film i
Väst/Nordisk Film & TV-Fond/SFI/SVT/Zentropa Ent. 109 minutos.
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