Filme do Dia: Abismu (1977), Rogério Sganzerla

Abismu (Brasil, 1977). Direção e Rot. Original: Rogério Sganzerla. Fotografia: Renato Laclete. Montagem: Rogério Sganzerla. Figurinos: Rogério Sganzerla. Com: Norma Bengell, José Mojica Marins, Wilson Grey, Jorge Loredo, Edson Machado, Mario Thomar, Mariozinho de Oliveira, Rogério Sganzerla.
        O flagrante de um crime na Pedra Bonita, Rio de Janeiro,  por um estudante de egiptologia que procura perseguir o assassino, mas é interrompido por Madame Zero (Benguell). O assassino convence o Dr. Pierson (Marins) de que o estudante não pode permanecer vivo. Pierson contrata Madame Zero para acabar com o egiptólogo, porém acaba convencendo-o de suicidar-se.
       Infelizmente, apenas se utiliza de fórmulas já desgastadas de seus filmes do início da carreira em uma viagem cansativa e auto-indulgente pelo universo particular do próprio Sganzerla. Assim, não faltam mulheres poderosas demonstrando sua “potência” através de grandes charutos, referências aos ícones culturais do cineasta (Hendrix, por exemplo, que era discretamente homenageado em O Bandido da Luz Vermelha, tem não só várias de suas composições na trilha como aparece mais de uma vez na apresentação de um show) e a auto-exaltada “boçalidade” de seus heróis, seja de Madame Zero, herdeira de Janet Jane e Ângela Carne-e-Osso ou do vilão Pierson, herdeiro de J.B, o rei da Boca do Lixo. Ou ainda os planos abruptos godardianos no carro (como em Acossado), tomadas panorâmicas da noite carioca (como as existentes de São Paulo em O Bandido) e a recorrência a deliciosas pérolas kitches do repertório de agrado do cineasta como Sabor a Mi, assim como a narração in off, ainda que apenas ocasionalmente e menos enfática. Por outro lado toda a pretensa maquinação de uma trama de ação tendo a Pedra Bonita como centro parece ser uma paródia a Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, que fazia uso da mesma locação. Rogério Sganzerla Produções Cinematográficas. 80 minutos.


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