Filme do Dia: Latitude Zero (2000), Toni Venturi
Latitude Zero (Brasil, 2000). Direção: Toni Venturi. Rot. Adaptado: Di Morettti, baseado em peça de Fernando Bonassi. Fotografia: Jacob Solitrenick. Montagem: Idê Lacreta. Dir. de arte: Andréa Velloso. Cenografia: Helcio Pugliese. Com: Jane Duboc, Cláudio Jaborandy.
Lena possui um posto comercial em uma região desértica e na
qual os caminhões nunca param. Grávida de oito meses, ela recebe a inesperada
visita certo dia de Vilela (Jaborandy), foragido de um assassinato cometido.
Inicialmente sujeitando-o a todo tipo de humilhações, Lena começa aos poucos a
se interessar por ele. Ele arruma e torna o local mais atraente para os
caminhoneiros que, no entanto, nem por isso passam a freqüentá-lo. Quando Lena
se encontra prestes a parir, ele foge com o dinheiro que ela acumulava para
sair do local. Desesperada, Lena quebra todos os seus utensílios e tem o seu
parto sozinha. Depois de alguns meses, Vilela reaparece. A partir de agora ele
se torna o verdadeiro chefe da casa, chegando a estuprar Lena a certo momento.
Afogando suas mágoas em álcool, entra no quarto de Lena disposto a matar sua
criança.
As pretensões de Venturi não se tornam mais que isso. Sua
fraca direção de atores e a abstração do local e do tempo em que transcorre sua
história, tornam tanto os personagens inverossímeis quanto o próprio filme algo
incorpóreo e não representativo de uma experiência concreta. Apesar de
trabalhar bem com os silêncios que pontuam os conflitos entre os protagonistas,
os diálogos pouco burilados, muitas vezes tampouco críveis por traírem a origem
social diversa de quem os criou e a já referida interpretação canhestra dos
atores acabam por remeterem a uma concepção de teatro filmado que nem seu
apurado senso estético em planos de transição com belas imagens em tom pastel e
azul da paisagem inóspita consegue diluir. Ainda que o silêncio que impera nos
primeiros contatos do futuro casal e sua comunicação monossilábica evoquem a
tradução de um primitivismo e rudeza presentes em um filme como Vidas Secas, tal sensação é rapidamente
desconstruída quando os diálogos se tornam mais freqüentes e se percebe a
ausência de qualquer tradução poética ou realista dos mesmos. Já a referência à
criança apenas através de seu choro tonitroante, que procura maximizar a
sensação de angústia e impotência (explorada com melhor sucesso em um filme
como Uma Mulher de Negócios de
Fassbinder) diante da própria derrota se torna tão over quanto os próprios personagens e, pior, sua supressão é
utilizada somente enquanto recurso surpresa na seqüência do crime final. Olhar
Imaginário para Riofilme. 90 minutos.
Bom, muito bom!
ResponderExcluirUm abraço Cid.
Bom início de semana.
Valeu Beth! Um abraço, minha amiga, e boa semana para você também!!
ResponderExcluir