Filme do Dia: Sombras de Julho (1995), Marco Altberg
Sombras de Julho (Brasil, 1995). Direção: Marco Altberg. Rot. Adatpado: Julia Altberg, baseado em romance de Carlos Herculano Lopes. Fotografia: Cezar Moraes. Música: David Tygel. Dir. de arte: William Alves, José Joaquim Sales & Luís Castro Guimarães. Com: Ângelo Antonio, Othon Bastos, Lú Mendonça, Rubens Caribe, Marly Bueno, Ivan de Almeida, Martha Overbeck, Roberto Frota, Marcela Altberg, Nélson Xavier.
No interior de Minas, Jaime (Antonio), filho de um
proprietário de terras temido da região, Joel (Bastos), é pressionado
pelo pai a assassinar um colega de infância, Fábio (Caribé), que questiona o
domínio de terras perpetrado por Joel. Sensível, Jaime passa a se atormentar
após o crime. A mãe de Fábio, Helena (Mendonça) é internada em um hospital
psiquiátrico, acreditando que o filho vai voltar a qualquer momento. O pai se
desespera com o veredito judicial que absolve pai e filho, condenando um dos
empregados da fazenda. A única testemunha que havia reconhecido os fatos é
afastada e passa a morar longe do local. Jaime parte e só volta para o
julgamento em que, pelo acordo feito, um empregado assume a culpa, e é
posteriormente assassinado. Joel suicida-se. Jaime se casa. Após um
período recuperada do choque, Helena volta a ter problemas psiquiátricos.
Internada, foge e assassina Jaime.
Ainda que possua alguns traços em comum com Abril Despedaçado, com as novas
gerações lidando de forma diferenciada e procurando quebrar o ciclo de
violência enraizado pela tradição, esse filme é um canhestro e pífio exercício
de dramaturgia, sofrível em termos de interpretação do elenco como um todo,
involuntariamente patético em sua interminável sucessão de clichês narrativos e
estilísticos, infeliz na utilização da trilha sonora e da voz off. Não existe densidade, mínima que
seja, que vá além do achatamento de perfis tipificados dos personagens e, ao
mesmo tempo, soçobram pérolas como a seqüência do assassinato imediatamente
seguida por uma representação do remorso do protagonista evocada em preto e
branco. Ou ainda o óbvio monólogo interior que segue o suicídio de Joel. A falta de sutileza na expressão das
motivações e sentimentos dos personagens chega a ser pueril como quando, entre
inúmeros exemplos, Jaime recorda da falta de sensibilidade de seu pai na
infância. Ou ainda quando Helena sabe da morte do filho. Visualmente o filme é
igualmente anódino e despido de qualquer centelha de imaginação. Seu tom abertamente
novelesco, ainda que sugira aproximações com a teledramaturgia, carece do senso
rítmico dessa, e mais se aproxima dos riscos que sofre as más adaptações da
literatura. Outro exemplo de péssimo gosto é o de uma personagem louca que
trafega entre as cenas à guisa de comentarista dos eventos narrados,
insuportavelmente pouco crível quando comparada, por exemplo, ao cantador de Deus e o Diabo na Terra do Sol. Banco
Nacional/M.Altberg Cinema & Vídeo/TV Cultura para Riofilmes. 90 minutos.
Comentários
Postar um comentário