Filme do Dia: Rio Doce/CDU (2013), Adelina Pontual



Rio Doce/CDU (Brasil, 2013). Direção: Adelina Pontual.
Documentário que parte do pretexto da linha mais extensa a cobrir a região metropolitana do Recife para colher entrevistas de pessoas que trabalham ou se movimentam pelo percurso em questão. E mesmo de uma cobradora e alguns motoristas, que surgem muito brevemente. Amparado sobretudo pela saborosa prosa popular que emerge espontaneamente dos contatos – existe pouca presença de “personagens” da classe média – se ressente, sobretudo de uma recorrente dispersão, afastando-se por vezes demasiado de seu mote inicial, pretenso elo de ligação entre os depoentes. Em diversos momentos, apenas se ouve depoimentos sobre imagens colhidas em contextos outros. Existem efetivamente menos imagens internas que captadas a partir da carroceria externa do ônibus. Das falas emerge um pouco de tudo: de comentários sobre a precariedade da linha até as dificuldades de se conseguir pescar como tempos atrás passando por uma época em que a elite da cidade ia fazer suas compras no Mercado da Madalena ou ainda a senhora que por vezes perde seu ponto de tão entusiasmada que fica a conversar dentro do ônibus. Fica-se com a impressão que ou se estimulou as pessoas a comentarem sobre problemas específicos da linha ou se ficou um pouco a mercê do “freguês”. E como a maior facilidade de abordagem certamente deve ter sido com pessoas de mais idade e maior disponibilidade de tempo, surge uma grande quantidade de falas ancoradas na memória de uma cidade de perfil bastante distinto. Umas poucas vezes ainda se escuta o final de alguma indagação da equipe, que preferiu se manter distanciada da câmera. Para complicar ainda mais, quando uma certa falta de ritmo e organicidade já tornam sua assistência algo árdua o filme se dirige para um mal sucedido apanhado de imagens da cidade que tampouco parecem apresentar qualquer solidez em termos de seleção. É o golpe de misericórdia, no sentido de se afastar de sua única qualidade que foi o registro, mesmo que superficial, da fala de alguns personagens. 52 minutos.

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