Filme do Dia: Aruanda (1960), Linduarte Noronha



Aruanda (Brasil, 1960). Direção e Rot. Original: Linduarte Noronha. Fotografia e Montagem: Rucker Vieira.
Esse curta, considerado como outros, enquanto precursor do Cinema Novo, apresenta a realidade do quilombo Olho d’Água, na Paraíba,  onde remanescentes de escravos vivem, segundo sua narração, praticamente isolados e distantes de qualquer dimensão institucional do Estado brasileiro. Quando comparado a produções contemporâneas, tais como Um Dia na Rampa, de Luiz Paulino dos Santos, o filme parece soar bem mais datado, na sua leitura explicitamente sociologizante, representada sobretudo pela gravidade e autoridade que remetem sua voz “over”, assim como sua música (em boa parte de sua metragem se escuta músicas folclóricas, tais como a célebre Oh Mana Deixa eu Ir) parecendo cumprir mais como um elemento de reforço dramático da realidade social abordada que propriamente como um elemento expressivo fundamental, tal como no curta de Luiz Paulino. Aqui, parte-se de uma situação de migração aparentemente encenada (em estilo semelhante ao que o argentino Raymundo Gleyzer faria alguns anos após com seu La Tierra Quema) para as atividades de cerâmica que as mulheres empreendem no quilombo. Ocorre tanto uma certa dispersão narrativa quanto posteriormente um centramento somente em uma determinada atividade do quilombo. Numa das poucas intervenções mais intrusivas com relação às imagens, observa-se, através do uso do corte seco, o avanço na confecção de um vaso;  à sua opção estilística poderia se contrapor a que duas décadas antes, de forma bem mais suave, através de sobreposições, Humberto Mauro – seu nome citado nos créditos, tendo o filme contado com apoio do Instituto Nacional de Cinema Educativo, dirigido por Mauro - havia feito em sua ficção Argila. Apesar do isolamento frisado pela narração, observa-se a venda da cerâmica em um feira de um vilarejo local, o que exclui o completo “isolamento”. Destaque para a bela fotografia  contrastada em p&b. 21 minutos.

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