Filme do Dia: Aniki Bóbó (1942), Manoel de Oliveira

Aniki Bóbó (Portugal, 1942). Direção:  Manoel de Oliveira. Rot. Adaptado: Manoel de Oliveira, baseado no romance de Rodrigues de Freitas. Fotografia: Antonio Mendes. Música: Jaime Silva Filho. Montagem: Manoel de Oliveira & Vieira de Sousa. Cenografia: José Porto. Com: Feliciano David, Nascimento Fernandes, Fernanda Matos, António Palma, Armando Pedro, António Santos, Horácio Silva, António Soares.
     As aventuras de um grupo de crianças e as figuras fantasmáticas, do mundo adulto, que as perseguem. Um dos garotos, sonhando em ganhar as graças de uma garota da sua idade, que se encontra apaixonada por um amigo seu, acaba roubando uma boneca de um armarinho. Pouco depois, para complicar sua situação, todos os garotos pensam que ele empurrou o rival, que escorregou do despenhadeiro e se encontra em situação grave no hospital. Porém, o dono da loja acabará descobrindo toda a verdade. O garoto tentará lhe devolver a boneca, que lhe é dada de presente pelo dono e seus amigos e a garota voltam a aproximar-se dele, livrando-o do sentimento de culpa, que o perseguia até nos sonhos.
     Oliveira apresenta, de forma ídilica e romanesca, uma visão do universo infantil, contraponde-se a tendência mais anárquica com que esse é descrito pela tradição que vai de Zéro em Conduta (1931) de Jean Vigo a Os Incompreendidos (1959) de Truffaut. Aqui reina uma visão pastoral eqüivalente ao do Carrossel da Esperança (1949), de Jacques Tati que, embora possua seu evidente charme, também chega a ser cansativa, por sua excessiva docilidade. Contribui para isso marcadamente a cumplicidade da trilha sonora. Alguns elementos do cinema neo-realista encontram-se presentes, como a filmagem predominantemente em locações e a utillização de atores amadores, com resultado irregular. Primeiro longa-metragem do cineasta, que só voltaria a realizar outro filme mais de vinte anos após. Produções António Lopes Ribeiro. 102 minutos.

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