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Mostrando postagens com o rótulo Documentário

Filme do Dia: Gimme Danger (2016), Jim Jarmusch

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  G imme Danger (EUA, 2016). Direção e Rot. Original: Jim Jarmusch. Montagem: Affonso Gonçalves & Adam Kurnitz. Documentário que traça a “genealogia” na mítica banda The Stooges , considerada como a maior influência das bandas punks que vieram após, sobretudo de sua figura icônica, Iggy Pop. A partir de material de arquivos farto e uma ainda mais generosa metragem de entrevistas – sobretudo com Pop – em que se abusa de material colhido em uma mesma sessão de entrevistas – Jarmusch realiza um documentário em padrão bem convencional. Por sorte, Iggy Pop é uma figura articulada e que exala certo carisma. Por azar, essa narrativa em retrospecto sempre tende a amortizar o passado, sobretudo os percalços. Teria sido interessante se observar os bastidores de uma turnê dos Stooges em um formato documental antípoda do padrão aqui em questão, o do Cinema Direto, capturando todas as tensões de se estar vivo, independente do bom ou mau momento de fama. Observa-se a conquista gradual do garo

Filme do Dia: Manhatta (1921), Charles Sheeler & Paul Strand

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  M anhatta (EUA, 1921). Direção e Fotografia: Charles Sheeler & Paul Strand. Antecipando as “sinfonias urbanas” de alguns anos após, o filme faz uma elegia a Nova York e ao progresso. Nenhum elemento é mais presente em suas imagens do que a fumaça, provocada seja pelos motores a vapor de balsas, locomotiva, chaminés de transatlânticos  ou ainda dos sumidoros do alto dos telhados dos arranha-céus. Esse encantamento com o progresso será visto com uma perspectiva invertida, não menos manipuladora, mas certamente menos poética, décadas após, em Koyaanisqatsi , de Reggio. É tido como o primeiro filme conscientemente vanguardista do cinema norte-americano.  11 minutos.

Filme do Dia: Cidade Vazia (2015), Cristiano Burlan

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  C idade Vazia (Brasil, 2015). Direção: Cristiano Burlan. Imagens de São Paulo em p&b, seja em fotos fixas ou imagens em movimento. Ressalta-se trechos de sua área central e alguns ícones como a catedral e, sobretudo, a Estação da Luz. Ao final uma queima de fogos na banda sonora aparentemente se confunde com ruídos de armas disparando e a alegria dos que celebram o ano-novo se confunde com os gritos de terror. Bela Filmes. 7 minutos e 30 segundos.

Filme do Dia: 28 Up (1984), Michael Apted

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    2 8 Up (Reino Unido, 1984). Direção: Michael Apted. Fotografia: George Jesse Turner. Montagem: Kim Horton & Oral Norrie Ottey. Talvez mais do que qualquer outro de seus três  predecessores até então, nesse documentário da longeva série Up (1964-2019, até o momento) aborda os mesmos atores naturais a cada intervalo de sete anos, perceba-se  um sentido nos homens e mulheres, agora com 28 anos de idade, enquanto continuidade aparente com suas singelas imagens aos 7 anos. De Tony Walker se adivinha uma certa força de caráter ou perseverança que o faz se sentir em vantagem, em relação aos seus colegas mais instruídos, mesmo que essa seja demonstrada sobretudo nos filmes posteriores ao primeiro ( Seven Up! ). De Bruce, as inquietações com relação à religião, associadas a um aparente travamento em relação à (homo)sexualidade. De John um conservadorismo quase pernóstico que no anterior já afirmara que não se incomoda que as pessoas possuam desvantagens em relação às outras, incomoda

Filme do Dia: Fala Brasília (1966), Nélson Pereira dos Santos

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  F ala Brasília (Brasil, 1966). Direção Nélson Pereira dos Santos . Montagem Nélson Pereira dos Santos & Alberto Salvá. O que se poderia esperar, a partir da cartela inicial, que fosse um exercício grandemente formal e acadêmico-douto sobre os sotaques de diferentes regiões do Brasil cede lugar a fala informal de diversas pessoas, provenientes de todos os quadrantes do país, sobre o que acham da cidade, seus trabalhos, suas expectativas. Embora existam belas composições visuais, como a do primeiro falante, do Pará (os entrevistados são identificados unicamente pelo seu local de origem) com um manauara vindo por trás, no geral são bastante simples e voltam a se tornar interessantes, quando o filme demonstra os próprios passos nos quais chegou a seleção dos entrevistados observados, através de suas  falas. Somente ao final se rende propriamente a questão da pesquisa e dos sotaques, ainda que superficialmente, fazendo com que cada um dos cinco que se encontram com a produção ness

Filme do Dia: David Bowie is Happening Now (2013), Hamish Hamilton & Katy Mullan

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  D avid Bowie Is Happening Now (Reino Unido, 2013). Direção: Hamish Hamilton & Kate Mullan. Documentário que procura recriar a experiência de mostra homônima que celebra – talvez de forma um tanto apoteoticamente exagerada, mas isso seria o que se esperaria de uma mostra em um museu, mas não necessariamente de um documentário –a arte de David Bowie. O caráter excessivamente multimidiático do evento, que procura cobrir das capas de disco aos figurinos passando por sua trajetória no cinema, videoclipes e arte produzida em relação as suas produções (e também a projetos que não chegaram a vir a luz, como uma versão cinematográfica para Diamond Dogs ) e, mais que isso, demasiado celebratório, torna-o uma experiência algo sacrificante e demasiado aquém de certamente visitar a própria mostra, organizada pelo Victoria & Albert Musuem britânico. Há uma contraposição entre momentos que são registrados da mostra e a reação de seus visitantes e uma espécie de pequeno auditório de televi

Filme do Dia: O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas (2022), Emma Cooper

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  O   Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas ( The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes , EUA, 2022). Direção Emma Cooper. Fotografia Geoffrey Sentamu. Música Anne Nikitin. Montagem Gregor Lyon. Dir. de arte Matthew Rice. Figurinos Niahm Doyle. A prática de fazer uso de atores interpretando com áudios ou fazendo uso do que disseram em gravações depoentes – também pessoas do círculo artístico em As Últimas Estrelas do Cinema – não foi uma invenção deste documentário ou do que se detém em Newman & Woodward, mas são uma estratégia central para ambos, além das inevitáveis imagens de arquivo, embora o outro documentário citado o faça com bem mais graça, sem fingir minimamente situações realistas, no que talvez paradoxalmente tenha se beneficiado das restrições impostas pela Covid. A sustentação do pretenso diferencial está associado, uma vez mais, a Anthony Summers, um jornalista de longa carreira e cujo livro serviu de base para este documentário, sobretudo as

Filme do Dia: To Hear Your Banjo Play (1947), Irving Lerner & Willard Van Dyke

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  T o Hear Your Banjo Play (EUA, 1947). Direção: Irving Lerner & Willard Van Dyke. Rot. Original: Alan Lomax. Fotografia: Richard Leacock. Encenando suas tradições culturais em torno do banjo, como Mauro contemporaneamente aqui começava a fazer igualmente em relação a temas caros ao folclore e a cultura brasileira em geral, esse curta documental inicia com um virtuose no instrumento, ainda nos créditos iniciais, Pete Seeger, e logo fala em sua voz over de ter sido um instrumento criado pelos escravos do Sul, mas logo incorporado à cultura do país como um todo, e essa incorporação, tal como apresentada, significa igualmente seu branqueamento, já que nenhum músico, ouvinte ou dançarino negro é observado; os primeiros rostos negros são apresentados após mais de metade de sua metragem, e ainda assim como trabalhadores não músicos, sendo que, pouco após, um músico negro acompanha e canta em dueto com Woody Guthrie. Seeger é o narrador-músico, muitas vezes se dirigindo diretamente à c

Filme do Dia: The Gossip (1955), Herk Harvey

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  T he Gossip (EUA, 1955). Direção: Herk Harvey. Rot. Original: Margaret Travis. Fotografia: Norman Stuewe. Montagem: Chuck Lacey. Com: Vera Stough. A amizade entre Jean, que pretende se candidatar ao diretório acadêmico da escola e sua melhor amiga, Laura, sofre uma tensão a partir de boatos que circulam pela escola. Harvey parte da mesma fórmula que utilizou que outros de seus curtas documentais educativos, como The Good Loser (1953). Aqui, como naquele, uma situação de tensão se instala e não se acompanha exatamente o desenlace da mesma até o final, ficando o protagonista ruminando a respeito dos próximos passos a tomar e jogando a questão para o espectador. Desnecessário afirmar que, tal como nos outros, as atuações são pífias – aqui, tal como a encenação como um todo, um pouco melhores e menos forçosas que a do curta prévio. Centron Corp. para Young America Prod. 13 minutos e 40 segundos.

Filme do Dia: Guernica (1950), Alain Resnais & Robert Hessens

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  G uernica (França, 1950). Direção: Alain Resnais & Robert Hessens. Rot. Adaptado: a partir do poema de Paul Éluard.  Fotografia: Henry Ferrand.  Música: Guy Bernard. Montagem: Alain Resnais. Esse curta documental que inicia com uma voz over (a cargo de Jacques Pruvost) quase tão distanciada quanto a do narrador de Las Hurdes (1932), sobre uma foto fixa que mais lembra o esqueleto devastado de uma maquete da cidade que dá nome ao título logo após o bombardeio-experimento deflagrado pela força aérea alemã (algo que não chega a ser citado pelo filme). Logo, no entanto, a voz masculina fria e distante cede a uma voz feminina (pela atriz Maria Casares) que declama um poema de Éluard. Nessa transição o filme perde, ao jogar no mesmo campo semântico voz feminina, arte e humanismo em contraposição à voz masculina, distanciamento emocional e fotografia, que aqui é observada como um retrato cru que pretensamente a arte alumiará com a expressividade própria de cada meio (poesia, pintura,

Filme do Dia: Ponteio (1941), Humberto Mauro

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  P onteio (Brasil, 1941). Direção: Humberto Mauro. Fotografia: Manuel P.Ribeiro. Música: Heckel Tavares. Montagem: Humberto Mauro. Um dos mais belos curtas realizados por Mauro para o INCE. Nessa produção ele conquista um raro equilíbrio entre um lirismo longe de excessivo (ao contrário de boa parte de sua produção posterior, em que por vezes, descamba para pieguice como em Meus Oito Anos ) e, mesmo com os parcos recursos que lhe eram destinados, consegue não apenas uma notável edição de som, apresentado no momento em que o violeiro demonstra sua virtuosidade diante do maestro Heckel Tavares, como uma poética de imagens que consegue fazer uso expressivo da sobreposição das mesmas para apresentar no momento da execução da peça, através do arranjo de Tavares, observar-se motivos que remetem ao mundo folclórico que a peça evoca. Ou ainda a montagem, que elegantemente, destaca cada um dos naipes de músicos que se destacam em determinado momento da composição –a cargo de um não menos ele

Filme do Dia: Cabra Marcado para Morrer (1984), Eduardo Coutinho

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  C abra Marcado para Morrer (Brasil, 1984). Direção: Eduardo Coutinho . Fotografia: Fernando Duarte & Edgar Moura. Música: Rogério Rossini. Montagem: Eduardo Escorel. Esse documentário de Coutinho é não só um dos melhores do gênero, como um dos melhores filmes do cinema nacional em todos os tempos. Partindo em 1981, para reencontrar os membros do elenco do filme homônimo que reconstituía em ficção o assassinato do líder das Ligas Camponesas de Sapê, município da Paraíba, João Pedro Teixeira, morto a mando de latifundiários locais, em 1962, o cineasta consegue um pungente painel da realidade brasileira, sobretudo a dos camponeses nordestinos, em que política, memória, subjetividade e cinema se entremeiam com efeito ímpar. Iniciado em 1964, no Engenho Galileia, em Pernambuco, contando com a participação de Elizabeth Teixeira, viúva de João, a produção do filme foi interrompida com o golpe militar de alguns meses depois. Através do retorno da produção ao local, no entanto, não só

Filme do Dia: O Professor Bachmann e a Sua Turma (2021), Maria Speth

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  O   Professor Bachmann e a Sua Turma ( Herr Bachmann und Seine Klasse , Alemanha, 2021). Direção Maria Speth. Rot. Original Maria Speth & Reinhold Vorschneider. Fotografia Reinhold Vorschneider. Montagem Maria Speth. O que se torna o mais encantador desta proposta paradoxalmente é a que igualmente também pode suscitar maiores questionamentos. Sua aproximação com a vida parece sugerir uma ausência de esforço tão grande, a ponto de se questionar o valor artístico em si. E tudo azeitado por opções bastante reconhecidas de um cinema contemporâneo. Trata-se de um documentário ou ficção? Ao nos indagarmos a respeito, inicialmente,  trazemos junto, de reboque, que seja qual for a resposta, há uma notória aproximação com seu reverso, ou seja, se for ficção é muito próxima da linguagem documental e vice-versa. Cabe ainda neste receituário, os cortes secos com câmera fixa, a ausência de trilha sonora. Há temas sensíveis a realidade de boa parte do globo, e particularmente da Europa e

Filme do Dia: A História Não Contada dos Estados Unidos - Johnson, Nixon & Vietnã: O Reverso da Fortuna (2012), Oliver Stone

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  A História Não Contada dos Estados Unidos – Johnson, Nixon & Vietnã: O Reverso da Fortuna ( The Untold History of the United States. Chapter 7: Johnson, Nixon & Vietnan: Reversal of Fortune , EUA, 2012). Direção Oliver Stone. Rot. Original Peter Kuznick, Matt Graham &Oliver Stone. Música Craig Armstrong & Adam Peters. Montagem Alex Márquez. Inicia com áudio de Martin Luther King criticando a prioridade das políticas americanas em relação ao armamentismo militar em oposição ao descaso por interesse em políticas sociais, enquanto observamos imagens de conflitos internos e externos (Vietnã) vividos pelo país na década. Não se trata de um discurso somente generalista, pois o líder negro pontua, inclusive, as intervenções militares americanas ao redor do mundo. Neste quesito, Lyndon Johnson, dois dias antes do enterro de Kennedy já sinalizara para uma mudança em relação ao arrefecimento do envolvimento militar no Vietnã – dois meses depois, esta mudança já se torna

Filme do Dia: 42 Up (1998), Michael Apted

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  4 2 Up (Reino Unido, 1998). Direção: Michael Apted. Fotografia: George Jesse Turner. Montagem: Kim Horton . Tony saiu do East End londrino, agora vive em um espaço mais confortável em Essex, que segundo ele e sua esposa os deixou sem um tostão. Em um momento de tensão, revela momentos de infidelidade em seu casamento que o deixou por um triz. A esposa complementa dizendo que não o abandonou por conta dos filhos, e porque achava que ainda existia algo entre eles, embora se diga mais doída ainda por nunca tê-lo traído. Quando recorda dos pais, Tony ainda se emociona. Se se imagina que a origem social humilde de Tony facilite a espontaneidade de tocar em assuntos tão íntimos, pode ser que seja verdade em seu caso, mas, mesmo que em grau de intimidade diversa, Suzy, fala que a relação com seu segundo filho é de amor e ódio. Ou ainda da proximidade da mãe apenas pouco tempo antes dessa morrer e se descobrir com câncer terminal.  Suzy já se imagina amedrontada com a possibilidade da saíd

Filme do Dia: Gente del Po (1943), Michelangelo Antonioni

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  G ente del Po (Itália, 1943). Direção e Rot. Original: Michelangelo Antonioni. Fotografia: Piero Portalupi. Música: Mario Labroca. Montagem: Carlos Alberto Chiesa. Esse documentário em curta-metragem foi o primeiro filme dirigido por Antonioni . Apesar de sua simpatica lírica e por vezes fatalista e paternalista descrição da pobreza da região dos moradores da região italiana referida em seu título se aproximar, de modo antecipativo, aos temas desenvolvidos por boa parte da produção ficcional neo-realista posterior, seu estilo parece mais lembrar o misto de forte encenação e poesia presente em obras tão diferentes quanto as de documentaristas como Flaherty ( A História de Louisiana ) ou Joris Ivens. Narrado por uma voz off  do início ao final como todo documentário mais clássico que se preze, mesmo que aqui feminina, o filme parece bastante distante do universo ficcional e estilístico posterior do realizador, a não ser por uma certa melancolia, muitas vezes buscada em seu olhar par

Filme do Dia: Still: Ainda Sou Michael J. Fox (2023), David Guggenheim

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  S till: Ainda Sou Michael J. Fox ( Still , EUA, 2023). Direção Davis Guggenheim. Rot. Adaptado Michael J. Fox, a partir de livros escritor por ele próprio. Fotografia Julia Liu, C. Kim Miles & Clair Popkin. Música John Powell. Montagem Michael Harte. Dir. de arte Matthew Budgeon & Sean Carvajal. Figurinos Beverley Huynh. Acentua-se aqui ainda mais o egocentrismo destinado a documentários envolvendo a aproximação biográfica de personalidades, embora por um viés original, inclusive na lida com o material de arquivo e, sobretudo as imagens dos filmes de um ator, aqui utilizados em diálogos com situações descritas por Fox, somados a encenação de situações e entrevistas constantes com ele próprio. Caso, por exemplo, dos difíceis anos iniciais de tentativa de ganhar a vida em Los Angeles. E, como o próprio título (sobretudo brasileiro) dá pistas, boa parte desta conjunção biográfica tem como norte o fato conhecido do ator ser vítima acentuada do Mal de Parkinson. A leitura f

Filme do Dia: A Travessia de Inverno na Île-aux-Coudres (1960), René Bonnière

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  A   Travessia de Inverno na Île-aux-Coudres ( La Traverse d’Hiver à Île-aux-Coudres , Canadá, 1960). Direção: René Bonnière. Rot. Original: Pierre Perrault. Fotografia: Stanley Brede. Montagem: René Bonnière. Talvez o mais interessante dos curtas realizados pelo documentarista canadense entre os anos de 1958-59, fazendo parte de uma série de 13 curtas intitulada No País da Nova França . No caso em questão aqui, trata-se de focar a muito árdua tarefa da travessia da Île-aux-Caudres até o continente no inverno, com diversas configurações de gelo, e cuja sensibilidade relacionada ao trajeto e a forma de se comportar no deslocamento deve se encontrar na figura de um líder do grupo. Antes que a própria travessia seja enfatizada, existe um prólogo relativamente longo sobre as condições de vida no inverno na Île-aux-Coudres, destacando as intempéries associadas à estação – a forte imagem de um cavalo praticamente afundado na neve – mas sem esquecer dos prazeres da vida, como é o caso das

Filme do Dia: A Vida Moderna (2008), Raymond Depardon

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  A   Vida Moderna ( Profile Paisans: La Vie Moderne , França, 2008). Direção: Raymond Depardon. Montagem: Simon Jacquet. Documentário no qual Depardon revisita o ambiente e os personagens e provavelmente fecha sua trilogia   - as outras duas produções datam de 2001 e 2005 - sobre camponeses que vivem numa região cada vez mais despovoada da França, aonde as condições geológicas, climáticas e econômicas apenas permitem pouco além da criação artesanal de animais. Pontuado por suaves travellings que registram parte do deslocamento de Depardon para as fazendas dos “personagens”, ele apresenta o gradual desaparecimento de um mundo de práticas sociais cada vez menos presentes, mais pelos depoimentos dos próprios que através de momentos nos quais desenvolvem suas ações, ainda que tampouco essas deixem de se encontrar presentes. Aparentemente, Depardon preferiu montar seu filme seguindo o curso dos meses nos quais visitou a região, o que acaba provocando a curiosidade de talvez o momento ma

Filme do Dia: O Lixo e a Fúria (2000), Julien Temple

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  O   Lixo e a Fúria ( The Filth and the Fury , Reino Unido/EUA, 2000). Direção: Julien Temple. Música: John Lydon (Johnny Rotten). Montagem: Niven Howie. Documentário que narra a passagem meteórica dos Sex Pistols pelo cenário pop. Auxiliado pelo material típico dos documentários como entrevistas com membros da banda e pessoas próximas, assim como material de arquivo e outros nem tanto como a utilização de desenhos animados criados pela própria produção e intervenções irônicas de Ricardo III (1954) de Laurence Olivier, interpretado pelo próprio, o filme apresenta momentos da   trajetória do grupo: seu surgimento, em meio a uma Inglaterra economicamente caótica de meados dos anos 70, sob a tutela do empresário Malcolm Mclaren; a baixa classe social dos membros da banda; a influência músical de Bowie, Roxy Music e Alice Cooper; o sucesso e a ojeriza de certos setores sociais; o jeito agressivo de lidar com a imprensa; a difusão da moda punk; o escandâlo nacional que proporcionou a gr