Filme do Dia: 42 Up (1998), Michael Apted

 


42 Up (Reino Unido, 1998). Direção: Michael Apted. Fotografia: George Jesse Turner. Montagem: Kim Horton.

Tony saiu do East End londrino, agora vive em um espaço mais confortável em Essex, que segundo ele e sua esposa os deixou sem um tostão. Em um momento de tensão, revela momentos de infidelidade em seu casamento que o deixou por um triz. A esposa complementa dizendo que não o abandonou por conta dos filhos, e porque achava que ainda existia algo entre eles, embora se diga mais doída ainda por nunca tê-lo traído. Quando recorda dos pais, Tony ainda se emociona. Se se imagina que a origem social humilde de Tony facilite a espontaneidade de tocar em assuntos tão íntimos, pode ser que seja verdade em seu caso, mas, mesmo que em grau de intimidade diversa, Suzy, fala que a relação com seu segundo filho é de amor e ódio. Ou ainda da proximidade da mãe apenas pouco tempo antes dessa morrer e se descobrir com câncer terminal.  Suzy já se imagina amedrontada com a possibilidade da saída dos filhos para viverem nas universidades que estudarão, procurando ocupar o espaço de década e meia que fora quase exclusivamente reservado a eles. Ela reconhece como período infeliz da sua vida dos 14 aos 21, sob o impacto da seperaç]ao dos pais, de quem afirmou se sentir traída. Symon  se divorciou de Yvonne, a quem afrmava no episódio anterior ser a única mulher que se imaginava casando. Ele agora é casado com Vienetta. Se criou 5 crianças com a ex-mulher, com Vienetta tem um garoto de cinco anos, Daniel. Bruce, que retorna ao East End londrino após temporada em Bangladesh,  não apenas  casa-se com uma companheira de trabalho, mas o casamento é filmado pela equipe do documentário. O fato de dividir com ela agora a vida, faz com que ele afirme que se tornou menos girando apenas em torno de si próprio. Lynn, uma das amigas de Suzie, que sempre eram apresentadas nessa relação hierárquica de protagonismo, aqui ganha relativo destaque, e – além das imagens passadas – comenta sobre suas duas filhas adolescentes e sua duradoura relação com Russ. Ela apresenta maiores detalhes sobre seu problema no cérebro, diz que permanece com ele, fruto de uma má formação congênita. Traz um dos mais fortes depoimentos do programa, quando afirma que não pode falar sobre a espiritualidade que carrega consigo, por ser algo pessoal e que faz ela ser o que é. Sue casou-se aos 34, mas agora é separada e criou praticamente sozinha os dois filhos. Sobre seu retrato, cantando em um karaokê e aludindo ao brilhantismo dos seus pais e do seu filho – sua filha, afirma, parece-se mais com ela quando tinha a mesma idade – parece pairar tintas algo melancólicas. Jackie, após se separar, tem a partir de uma relação casual um filho, Charlie, contradizendo seu discurso anterior de que não queria ter filhos por ser demasiada voltada aos seus próprios desejos. E depois, mais dois outros filhos. O mais jovem dos filhos se aproxima com os dedos do visor da câmera e afirma que acabou, arrancando gargalhadas do realizador e, sobretudo, da mãe. Jackie se queixa da dificuldade de se manter economicamente e das ajudas de sua sogra. Sofrendo de artrite reumatoide, ela se diz deprimida com a descoberta da doença, não com a vida em si. Nick, professor com carreira cada vez mais estabelecida nos Estados Unidos, retorna a sua terra natal a primeira vez em cinco anos, e a acha bem mais turística que nos seus tempos de criança. Paul muda-se de Melbourne para o campo e uma casa mais aprazível, completando 30 anos de casado com Sue.  Neil surpreende em vários aspectos, tendo sido eleito representante voluntário de um partido político, função que evidentemente não o salva de continuar sendo mantido por ajuda do Estado, tornando-se relativamente próximo de Bruce, que o acolheu por uma curta temporada em Londres – e sobre quem faz um discurso na igreja quando do seu casamento (imagem não apresentada ou enfatizada quando o foca anteriormente fora Bruce). Afirma não ser homossexual, mas tampouco conseguir estabelecer qualquer tipo de vínculo afetivo maior. Afirma ser um dos melhores momentos da sua vida, já que poucas vezes na vida esteve tão ocupado e em contato com tanta gente. É lembrada sua vontade de talvez investir na vida politica em 21 Up. Ao final reúne-se uma súmula de todos os personagens em relação a como observam as questões de classes sociais na Inglaterra e também sobre o que achavam de participar do programa. Sobre essa última pergunta as elaborações são as mais variadamente interessantes. Desde Bruce que afirma que sua escolhas não possuem qualquer vinculação com o programa até Neil afirmando que fez duas amizades graças ao mesmo passando por Sue que fica ansiosa quando se aproxima os sete anos já se antecipando sobre o que de fato acontecera em sua vida de “dramático”.  Trata-se do mais longo dos documentários da série até então.  BBC/Granada Television para BBC. 133 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar