Filme do Dia: O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas (2022), Emma Cooper
O Mistério de Marilyn Monroe:
Gravações Inéditas (The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes,
EUA, 2022). Direção Emma Cooper. Fotografia Geoffrey Sentamu. Música Anne
Nikitin. Montagem Gregor Lyon. Dir. de arte Matthew Rice. Figurinos Niahm
Doyle.
A prática de fazer uso de atores interpretando com áudios ou fazendo uso do que disseram em gravações depoentes – também pessoas do círculo artístico em As Últimas Estrelas do Cinema – não foi uma invenção deste documentário ou do que se detém em Newman & Woodward, mas são uma estratégia central para ambos, além das inevitáveis imagens de arquivo, embora o outro documentário citado o faça com bem mais graça, sem fingir minimamente situações realistas, no que talvez paradoxalmente tenha se beneficiado das restrições impostas pela Covid. A sustentação do pretenso diferencial está associado, uma vez mais, a Anthony Summers, um jornalista de longa carreira e cujo livro serviu de base para este documentário, sobretudo as gravações efetuadas por ele ao longo de anos, para a escrita de seu livro. E um dos responsáveis pela reabertura do caso sobre sua morte, vinte anos após o ocorrido. Sua presença no documentário é intensa, uma espécie de cola de tudo (imagens de arquivo, representação com atores das gravações, invariavelmente encenadas ao telefone, cenas de filmes, etc.) direcionando-se para uma dose de conspiracionismo envolvendo sua morte, ao qual o título do documentário já namora. Suas armas são o fato dela ser acompanhada pelo FBI desde os tempos de seu casamento com Arthur Miller, tido como comunista, rótulo que também lhe será imposto, sobretudo após viajar ao México e lá se encontrar com notórios críticos do país auto-exilados. Havendo pretensamente um temor de sua influência sobre os Irmãos Kennedy. Marilyn teria falado poucas horas antes de sua morte com Bob Kennedy, por quem estaria, ao que tudo indica – e os familiares do médico psiquiatra que a acompanhava, já falecido – envolvida emocionalmente. E o teria pedido, sentindo-se usada, para sair da vida dela, o que teria eventualmente provocado o suicídio ou uso pesado de barbitúricos que a deixaria em estado comatoso. Porém, ela teria sido transportada ainda com vida, em uma ambulância, e seu corpo novamente levado à sua residência. No dia de sua morte Bob Kennedy teria estado na residência dela, segundo a empregada de Marilyn. Antes de se tornar pública sua morte, haveria tido uma devassa na residência para que não sobrasse qualquer resquício do envolvimento dela com os Kennedys. Uma única foto sobreviveu de Marilyn com os Irmãos Kennedys, na mesma noite de seu parabéns para John, no Madison Squre Garden. No frigir dos ovos, se o mistério do título se refere a sua morte e não a sua personalidade como um todo, o que a própria narrativa corrobora, o que de fato se encontra associado a sua morte fica restrito a cerca da meia hora final, e praticamente resumido em uma fala de Summers, de não haver evidência de um assassinato deliberado da atriz, antes do ocultamento de elementos envolvendo o local do suicídio ou morte acidental provocada pela ingestão de medicamentos. A rigor, todos os fatos ou suspeitas trazidos à tona não são exatamente nenhuma novidade, no máximo os tornando acessíveis aos neófitos. Lançado não inocentemente na efeméride de seis décadas da morte da atriz, no mesmo ano em que foi lançado um filme de ficção pelo mesmo estúdio (Blonde). Para ambos poderia muito bem pairar a consideração de Monroe sobre não se sentir bem com a possibilidade de sua vida (e, o que não teria como saber, morte) ser transformada em puro sensacionalismo. |Netflix Studios. 101 minutos.
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