Filme do Dia: Os Buddenbrook (1959), Alfred Weidenmann
Os Buddenbrook (Buddenbrooks – 1.Teil, Alemanha, 1959). Direção: Alfred Weidenmann.
Rot. Adaptado: Harald Braun, Jacob Geis & Erika Mann, baseado na obra Die Buddenbrooks, de Thomas Mann.
Fotografia: Friedl Behn-Grund. Música: Werner Eisbrenner. Montagem: Caspar van
der Berg. Dir. de arte:
Arno Richter, Robert & KurtHerlth. Figurinos: Herbert Ploberger. Com
Liselotte Pulver, Hansjörg Felmy, Hanns Lothar, Lil Dagover, Werner Hinz,
Rudolf Platte, Robert Graf, Günther Lüders, Nadja Tiller, Wolfgang Wahl.
Em meados do século XIX, a família do
ilustre cônsul de Lubeck (Hinz), que orienta todos os filhos segundo a ascética
tradição familiar voltada para os negócios, começa a entrar em decadência após
sua morte. Thomas (Felmy), o primogênito, que assume os negócios da família,
mesmo buscando persistir com a tradição, não consegue romper com os elos mais
diversos que arrastam a família para a decadência moral e econômica. A irmã emocionalmente instável e geniosa Tony
(Pulver), divorciada duas vezes, na primeira vez do interesseiro Grünlich
(Graf) e, na segunda, do rude bávaro Permeneder. O irmão Christian (Lothar), na
juventude espirituoso e vivaz, porém na maturidade afundado na bebida e na
relação com uma atriz de má fama, acaba deserdado pela família e entregue a um
sanatório pela própria esposa. O filho de Thomas e esperança de retomada da
família, Hanno, sensivelmente absorvendo toda a atmosfera de degradação
crescente ao seu redor, assim como a exagerada expectativa em torno de si,
demonstra-se sem energia e interesse por nada e morre de tifo. A mulher de
Thomas, a austríaca Gerda (Tiller), sente menos atração pelo marido que pelo
jovem tenente com que ensaia música. Uma breve esperança de que as coisas mudem
ocorre quando Thomas é eleito senador, derrotando seu arqui-rival, o novo-rico
Hagenström (Wahl). Porém, ele passa mal no dia de sua posse e morre logo em
seguida. Resta a Tony despedir-se de Gerda e da criadagem e partir com uma única criada e a mãe para um
hotel, vendendo a casa, justamente para Hagenström.
Um dos mais devastadores e profundos
retratos da decadência familiar jamais escritos, o livro de Mann ganhou uma
adaptação bem pouco ousada, em termos cinematográficos, mas extremamente bem
realizada e ricamente ilustrativa do romance. Com soberba direção de atores e
uma bem cuidada produção visual, tampouco seduzida pelo exagero, o filme parte
da trivial felicidade do início, onde todos os personagens apenas parecem
guardar virtudes para o gradual desmascaramento das mais torpes fraquezas,
quando o núcleo familiar se vê desestabilizado pela sua própria incompetência
de se adaptar aos novos tempos. A tragédia que se abate sobre a família ganham
colorações de incontornabilidade que evocam o drama grego, especialmente Édipo de Sófocles. A contraposição entre
a família antes e depois da morte do patriarca, com esse ajudando indiretamente
a plantar as sementes da própria desgraça familiar ao incentivar o casamento da
filha por interesses, muito bem representada, chega a ter cenas tocantes, como
a que Hanno traça uma linha abaixo do comentário sobre seu nascimento, no
diário de feitos e datas importantes da família, afirmando ao pai que nada se
poderia esperar dele, além disso. Filmaufbau. 145 minutos.
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