Filme do Dia: The Dream (1911), Thomas H. Ince & George Loane Tucker
The Dream
(EUA, 1911). Direção: Thomas H. Ince & George Loane Tucker. Rot. Original: Herbert Brenon. Com: Mary
Pickford, Owen Moore, William Robert Daly, Charles Arling.
Marido (Moore) leva uma vida
descompromissada de solteiro, divertindo-se com amantes e bebida e destratando
sua dedicada mulher (Pickford), ao chegar em casa. Depois de tombar no sofá,
acaba sonhando que sua mulher, cansada do descaso, ajuda a desarrumar a casa e
sai com o amante, pouco se importando com ele. Ele a segue desesperado e a
flagra jantando com amante, mas o casal o ignora completamente. Arrasado, atira
contra o próprio peito ao chegar em casa e acorda do sonho. Porém, esse pareceu
tão real, que ele estranha ao encontrar a mulher submissa como habitual e passa
a tratá-la de forma atenciosa.
Embora Ince ocasionalmente tenha uso
ainda mais piegas das relações sentimentais entre seus personagens do que o
próprio Griffith (em filmes como Granddad),
aqui parece consientemente ironizar a abordagem moralista que sempre vem de
algum evento externo que provoca a regeneração do protagonista. Ao contrário de
outros protagonistas alcoólatras de Griffith que se recuperam seja ao
assistirem uma peça que espelha a sua própria situação (A Drunkard´s Reformation) ou necessita sofrer a vicissitude de
perder uma das filhas (What Drunk Did),
aqui o veículo para a regeneração moral se dá através do sonho e é mais leve e
divertida, na cena em que Pickford se traveste em mulher independente e liberta
das obrigações do lar, do que grave e pomposa. E é, como habitual, essa chave
da comicidade, que o filme também chega a inverter as expectativas de
comportamento dos gêneros, recurso que Alice Guy já havia feito uso pioneiro e
de forma explícita em seu Os Resultadosdo Feminismo (1906). A cenografia
parece aqui se encontrar em um meio termo entre a precariedade dos filmes do
primeiro cinema e um tratamento mais realista de meados da década e a transição
entre cenas internas e externas, de continuidade exemplar, não deixa perceber
um fundo escuro de estúdio como então comum. Talvez a inversão de papéis ainda
ganhasse maior efeito se a cartela não apresentasse já desde o início que se
trata de um sonho do protagonista. Uma abordagem abertamente cômica de infidelidade
marital e uma reação (meso que não onírica) da mulher ocorre no brasileiro Exemplo
Regenerador. IMP para Motion
Pictures Distributors and Sales Co. 11 minutos.
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