Filme do Dia: Guernica (1950), Alain Resnais & Robert Hessens

 


Guernica (França, 1950). Direção: Alain Resnais & Robert Hessens. Rot. Adaptado: a partir do poema de Paul Éluard.  Fotografia: Henry Ferrand.  Música: Guy Bernard. Montagem: Alain Resnais.

Esse curta documental que inicia com uma voz over (a cargo de Jacques Pruvost) quase tão distanciada quanto a do narrador de Las Hurdes (1932), sobre uma foto fixa que mais lembra o esqueleto devastado de uma maquete da cidade que dá nome ao título logo após o bombardeio-experimento deflagrado pela força aérea alemã (algo que não chega a ser citado pelo filme). Logo, no entanto, a voz masculina fria e distante cede a uma voz feminina (pela atriz Maria Casares) que declama um poema de Éluard. Nessa transição o filme perde, ao jogar no mesmo campo semântico voz feminina, arte e humanismo em contraposição à voz masculina, distanciamento emocional e fotografia, que aqui é observada como um retrato cru que pretensamente a arte alumiará com a expressividade própria de cada meio (poesia, pintura, escultura e o próprio cinema). O resultado se torna inflado de uma retórica humanista que envelheceu mal, como mal igualmente envelheceu muitos dos monólogos presentes no primeiro longa do realizador, Hiroxima, Meu Amor (1959). Se é verdade que a transição abre espaço a possibilidade de explorar em detalhe obras de Picasso (como Resnais já o fizera em seu Van Gogh, de três anos antes), o resultado aqui soa menos satisfatório, talvez também pela obra do mestre espanhol se prestar menos à tal tipo de articulação. Panthéon Prod.  13 minutos.

 

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