Filme do Dia: 120 Batimentos por Minuto (2017), Robin Campillo
120 Batimentos por Minuto (120 Battements par Minute, França,
2017). Direção: Robin Campillo. Rot. Original: Robin Campillo & Phillippe
Mangeot. Fotografia: Jeanne Lapoirie. Música:
Arnaud Rebotini. Montagem: Robin Campillo & Stephanie Leger.
Cenografia: Hélène Ray. Figurinos: Isabelle Panetier. Com: Nahuel Pérez
Biscayart, Arnaud Valois, Adèle Haenel, Antoine Reinartz, Ariel Borenstein,
Félix Maritaud, Aloïse Sauvage, Simon Bourgarde, Coralie Roussier.
Nos idos dos anos 90, um grupo de
militantes pratica uma série de ações pretendendo chamar a atenção do governo
francês para o descaso com as vítimas da AIDS. Um desses militantes é o jovem
Sean Dalmazo (Biscayart), que se contaminou aos 16 anos com seu professor de
matemática e que agora vivencia uma relação com outro ativista, Nathan
(Valois). Com o agravamento de sua doença, Sean reivindica de Thibault
(Reinartz), um dos líderes do grupo, ações mais eficazes e rompe com o mesmo.
Esse filme com tons de docudrama, traz
em formato de revisão histórica – sem necessitar de grandes intrusões de
elementos históricos para isso, seja em termos de fazer uso de canções do
período, como quase rotineiro ou de imagens de arquivo, inexistentes – um
período relativamente próximo mas que tende a ser cada vez mais esquecido, do
auge da epidemia de AIDS. Com um elenco bastante afinado e coral, a segunda
metade do filme cede de crônica social dos eventos do período para o drama
individual de Sean, em uma mescla pouco orgânica. Mesmo que lidando de maneira
anti-sentimental, em linhas gerais, com o drama de seu protagonista, não deixa
de provocar um efeito de forte manipulação emocional a partir da forma que o
observa, como no longo trecho que observa a agonia final de seu herói. De uma
maneira geral, tanto quando aborda o panorama mais amplo, como quando foca no
drama de Sean, não chega a evoluir nos
conflitos mais intensos que apresenta, numa estratégia que talvez busque se
aproximar da vida, tal como, em outra chave, fora o realismo pseudo-documental
de Entre os Muros da Escola, do qual Campillo, além de cineasta bissexto,
foi colaborador do roteiro, função mais frequente em sua carreira. Permeado por
respiros dramáticos que chegam as raias do abstracionismo, mas que soam por
vezes excessivamente longos, sobretudo tendo em vista sua extensa metragem, o
filme parece conscientemente se afastar dos modelos grandiloquentes de drama,
algo que possui expressão no próprio diálogo em que Sean conta como sua
percepção da vida mudara após a doença e logo após desconstrói tudo em meio às
gargalhadas, a mudança que parece se operar é menos em termos de discurso ou
sensibilidade, que propriamente dos limites que o sofrimento, a dor, o desgaste
físico e a falta de expectativas juntas provocam. E mesmo nessa fase terminal
ainda há uma cena de sexo, em que Sean é masturbado na cama do hotel por seu
companheiro. Les Films de Pierre-France
3 Cinéma-Page 114-Memento Films Prod.-FD Prod. Para Memento Films. 140 minutos.
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