O Dicionário Biográfico de Cinema#178: Barry Levinson

 


Barry Levinson, n. Baltimore, Maryland, 1942

1982: Diner [Quando os Jovens se Tornam Adultos]. 1984: The Natural [Um Homem Fora de Série]. 1985: Young Sherlock Holmes [O Enigma da Pirâmide]. 1987: Good Morning, Vietnan [Bom Dia, Vietnã]. 1987: Tin Men [Os Rivais]. 1988: Rain Men. 1990: Avalon. 1991: Bugsy. 1992: Toys [A Revolta dos Brinquedos]. 1994: Jimmy Hollywood; Disclosure [Assédio Sexual]. 1996: Sleepers [Sleepers:A Vingança Adormecida]. 1997: Wag the Dog [Mera Coincidência]. 1998: Sphere [Esfera]. 1999: Liberty Heights [Ruas da Liberdade]. 2000: An Everlasting Piece [A Guerra das Perucas]. 2001: Bandits [Vida Bandida]. 2004: Envy [A Inveja Mata]. 2006: Man of the Year [Candidato Aloprado]. 2008: What Just Happened [Fora de Controle]. 2009: PoliWood (d). 2010: The Band That Wouldn't Die (d). 2010: You Don't Know Jack [Você não Conhece o Jack]. 2012: The Bay [Incidente em Claridge].

Não muitos realizadores americanos possuem uma relação significativa com os locais onde nasceram e cresceram. Estar em filmes envolve, muito frequentemente, viver em locações ou hotéis. Los Angeles pode ser observada como um local para se glorificar a vida em hotéis: as casas são como bangalôs temáticos, e nenhuma outra cidade americana pode ser tão completa de uma variedade de serviços a ser chamados. Mais que isso, as dificuldades de conseguir trabalho urge novos diretores para aquele cenário vago, plástico para histórias que muitas vezes dependem de L.A., ou do sudeste da Califórnia. Mas três dos melhores filmes de Levinson - talvez os melhores, dependem das glórias desalinhadas de Baltimore e a atmosfera de grandes cidades provincianas.

Atendeu a Universidade Americana em Washington, D.C., e se tornou um roteirista para a televisão. Mas após algum tempo trabalhando para Carol Burnett, passou a ser roteirista, frequentemente em parceria com sua então esposa Valerie Curtin: The Internecine Project (74, Ken Hughes); Silent Movie [A Última Loucura de Mel Brooks] (76, Mel Brooks); High Anxiety [Alta Ansiedade] (77, Brooks), no qual também faz uma divertida ponta como mensageiro; And Justice for All [Justiça para Todos] (79, Norman Jewinson); Inside Moves [Bar Max] (80, Richard Donner); History of the World, Part I [A História do Mundo - Parte I] (81, Brooks); Best Friends [Amigos Muito Íntimos] (82, Jewinson); e Unfaithfully Yours [Infielmente Tua] (84, Howard Zieff).

Nenhum destes filmes havia muito de se gabar, e Levinson já havia completado 40 anos no ano em que seu primeiro emprego como diretor se abriu. Mas Quando os Jovens se Tornam Adultos foi de uma categoria diferente, uma fatia de vida, naturalistíca mas picante, e repleta de personagens. Apenas demonstrou o quão mansamente útil Levinson havia sido como roteirista. Além do que, em sua descoberta de Mickey Rourke, Kevin Bacon, Daniel Stern, Steve Guttenberg e Ellen Barkin, Quando os Jovens se Tornam Adultos nos legou um diretor com um verdadeiro afeto por seus intérpretes. Dentre todas as suas virtudes, a menos evidente é que Quando os Jovens se Tornam Adultos não possui uma razão urgente de ser. É sobre a vida, a passagem do tempo e locais óbvios e amistosos - mas foi curto de drama.

Um Homem Fora de Série foi beisebol fraco e pior Malamud (*), e sua visão bastante romântica estava em guerra com o cenário monótono, assim como o filme evitou a conclusão sombria do romance. Sua atuação foi brilhante no pior sentido, e o elenco parecia ter resolvido todas as outras abordagens. E Levinson estava incomodado com o extenso alcance épíco da fábula. Parecia ser um fã de longa data dos Orioles (**), frequentemente dos jogos maçantes, tendo que bocejar no beisebol, de acordo com o campo dos sonhos. 

O Enigma da Pirâmide foi escrito por Chris Columbus e teve como produtor-executivo Steven Spielberg. Teve seu charme, mas Levinson parecia influenciado por outros. Igualmente, Bom Dia, Vietnã foi não apenas um veículo para Robin Williams, mas também um caminho feito para a ocasião, que não possuía outro propósito que a trituração de seu motorista. Mas Os Rivais foi Baltimore, com o gosto de experiência suada e uma atitude enérgica e não sentimental. E foi divertido e possante. Mas curiosamente, o roteirista Levinson parecia mais feliz em observar a vida passando que moldá-la em um argumento. 

Rain Men foi um teste de habilidades gerenciais. O projeto havia sido de roteiristas e diretores prévios, e tinha Dustin Hoffman em um criativo coma de autismo auto-induzido. Foi um sucesso e Levinson levou o Oscar de melhor diretor. Sua reputação bramiu nos negócios, pois os próximos sabiam que Rain Men poderia ter sido uma calamidade. Então permitiram a Levinson realizar Avalon, um retrato leve e irônico dos primórdios de uma família de imigrantes, e mais suave que os rapazes de Quando os Jovens se Tornam Adultos poderiam ter tolerado.

Bugsy foi mais uma ocasião para Levinson  servir a personalidades poderosas que haviam discutido sobre o filme muito antes dele vir à luz: Warren Beatty e o escritor James Toback. Em qualquer evento, eles poderiam ter sido sábios em contratá-lo mais cedo e deixá-lo pedir maior fundamentação na história pretensiosa. Na verdade, Levinson descobriu o doce estúpido em Beatty, e parecia intrigado pelo drama neon de Las Vegas - o tipo de escapada perigosa que há muito tem provocado apelo nos suados de Baltimore. 

Barry Levinson havia ultrapassado os sessenta agora, e se torna claro que ele possui um homem jovem que urge por tentar qualquer coisa (que inclui seu afetuoso envolvimento com a série de TV Homicide -Homicídio). Mas os filmes se acumulavam, mais do que se somavam. Por exemplo, o à parte Mera Coincidência, foi muito melhor que um esforço maior, Esfera. Ruas da Liberdade foi uma delícia, enquanto Assédio Sexual teve uma mão pesada. Levinson possui raras habilidades e facilidades, e está agora numa posição de fazer o que deseja (próximo o suficiente). No entanto, a questão permanece - o que ele deseja? Onde é o sistema nervoso criativo? Onde se encontra o filme que poderia romper ou revelar seu coração? Onde está sua última grande obra?


Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 1577-80.


N. do E: 

(*) Bernard Malamud (1914-1986), escritor estaduniense cuja obra literária foi adaptada no filme em questão.

(**) Referência ao tradicional time de beisebol Baltimore Orioles, tema inclusive de uma famosa canção de Hoagy Carmichael.

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