Filme do Dia: No Porto de Nova York (1949), Lazlo Benedek
No Porto de
Nova York (Port of New York, EUA, 1949). Direção Lazlo Benedek. Rot.
Adaptado Eugene Ling & Leo Towsend, sugerido pelo conto de Arthur A. Ross
& Bert Murray. Fotografia George E. Diskant. Música Leo Kaplan. Montagem
Norman Colbert. Dir. de arte Edward L. Ilou. Cenografia Armor Marlowe.
Maquiagem e Cabelos Ern Westmore & Edith Westmore. Com Richard Rober, Scott
Brady, K.T. Stevens, Yul Brynner, Arthur Blake, Lynne Carter, John Kellogg,
William Challee, Frank Fenton.
Um
carregamento de ópio que seria direcionado à área médica é assaltado do
Florentina, navio que se aproxima do porto de Nova York. Quem se propõe a
investigar o caso é Mickey Waters (Brady) e Jim Flannery (Rober) . Uma cúmplice
da ação, Toni Cardell (Stevens), indigna-se com a morte de um outro
participante, jogado de uma lancha já cadáver. Quando reclama junto ao
ex-amante Vicola (Brynner), não obtém guarida e nem tampouco ele está
interessado em reatar o relacionamento de ambos ou lhe fornecer dinheiro para
que fuja. Furiosa, Cardell decide contar tudo à polícia, mas marca para o dia
seguinte a sua delação, sendo morta antes do próximo encontro. Ela possuía
passagem comprada na Penn Station, e a polícia descobre um armário com o ópio.
O rapaz que a pega os leva até o ambiente de trabalho do cômico Dolly Carney
(Blake). Após muita pressão e tempo, Carney entrega o nome de quem havia
comprado a droga, Leo Stasser (Chaellee). A dupla de agentes vai até a marina
onde se encontra ancorado o iate de Stasser, porém Waters é capturado pelos
bandidos e morto. E simula o suicídio de Carney, jogando-o do alto de seu
apartamento. Um membro interessado na compra da carga, Wyley (Fenton) é detido
pela polícia, e Flannery se faz passar por ele, pondo-se igualmente em risco.
Alguém
tem alguma dúvida que a apresentação dos créditos será sucedida por uma voz
over a comentar algo sobre o porto de Nova York? E depois de um lenga-lenga que
passeia por algumas referências, inclusive a esperança dos imigrantes associada
à Estatua da Liberdade, chega-se ao que realmente importa, o tráfico de
“narcóticos”. Menos previsível, no entanto, é o retorno desta voz, com a mesma
flexibilidade dramática de um curta documental educativo da época, após termos acompanhados eventos já
vinculados mais diretamente à diegese do mesmo. E de não se trazer um narrador
menos intrusivo, interno ou fazer com que a própria ação dramática desvelasse o
que o narrador facilita – uma facilidade que economiza tempo e dinheiro por um
lado, mas provoca um desengajamento com a narrativa por outro. O fato de se tratar de um filme-B desponta
não apenas na relativa pobreza da produção, mas também na atuação limitada de
seu elenco (contando com um Yul Brinner franzino e ainda com cabelos, em sua
estreia no cinema, e uma K.T. Stevens com os mesmos esgares de A Dominadora),
potencializada por diálogos demasiado literários ou irrealistas. Stevens, aliás
antecipa em 11 anos a personagem de Janet Leigh em Psicose, ao ser
inacreditavelmente assassinada com vinte minutos de filme. Que ela sugira uma
viagem ao Rio – todos os envolvidos com algum ato criminal sugerem o mesmo – e
que três coristas sejam anunciadas como brasileiras, ainda demonstra a força do
fenômeno Carmen Miranda, mesmo em declínio no cinema. O que pode existir de
tosco fortalece até, a criação de um senso atmosférico, um pouco como se
ingressássemos em um conto de Patricia Highsmith. Um pouco apenas. E isto tem a
ver também com o bom uso de suas locações nada glamorosas. Por provável
imposição do Código Hays não é nominada a droga que é traficada, mas se trata
de ópio e um dos policiais o põe na boca para testar. Contando com a quase
inédita morte de dois dos mocinhos, sobra o rosto marcante – e menos belo – de
Rober, que morreria em um acidente automobilístico três anos após. A mesma
distribuidora desta película, foi quem distribui outros do gênero, marcados por
esta relação com o estilo documental, e neste caso também com a presença de
Scott Brady, O Foragido, lançado no ano anterior. Um perfil mais próximo
do galã (o que torna ainda mais chocante a morte de seu personagem, mas uma felicidade
para o espectador de não ter sido o vivido por Rober, figura de longe mais
expressiva, e secundarizado nos créditos, embora com bem maior participação no
filme). Destaque para o momento que o projeto de heroína incita seu ex-amante e
futuro assassino a partir com ela para o Rio. |Aubrey Schenck Prod. para
Eagle-Lion Films. 81 minutos.
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