Filme do Dia: Lost Lotus (2019), Shu Liu

 


Lost Lotus (Hong Kong/Holanda, 2019). Direção e Rot. Original: Shu Liu. Fotografia: Zheng Yi. Montagem: Patrick Minks. Com: Yan Wensi, Zhao Xuan, Yuan Liguo, Ji Dan, Zhang Kai, Zhao Wei.

A professora Wu Yu (Wensi) passa a dedicar praticamente o tempo todo, que não está ministrando aulas, a que justiça seja feita pelo atropelamento de sua mãe por alguém que vem a descobrir ser um poderoso homem de negócios, ao qual sequer consegue ter acesso. No processo, vai não apenas se tornando crescentemente próxima do budismo como igualmente se sentindo sem apoio, já que o próprio marido acredita que ela deve aceitar a gorda indenização que lhe é oferecida e não terá a menor chance de ter sucesso em um processo judicial criminal.

Mesmo que lide com um tema espinhoso e uma produção (ao menos, em termos econômicos) independente, o resultado se torna bem canhestro devido a vários motivos, que incluem, sobretudo,  a incipiência do elenco e uma dificuldade de melhor conseguir uma expressão dramática que deixe menos ambígua certas sombras que pairam sobre o roteiro (e, por decorrência, no filme) e que não parecem de forma alguma resistirem enquanto uma forma de expressão conscientemente autoral. A mais evidente delas é o esquematismo com que todo o drama é tratado. Se imaginamos que a personagem da mãe virá a ser atropelada pela própria construção visual do filme, e esse sabiamente nos poupa da cena em questão, o que faz sentido em termos de sua elaboração narrativa, a engenhosidade dessa opção progressivamente se desfaz rumo a crescentes inconsistências, como a da oscilação do marido entre o apoio a Wu ou não, a aproximação automática dessa com o budismo, ainda que inconscientemente seja apenas para conseguir forças e continuar a seguir com sua batalha e os encontros com seus opositores. E a pergunta a ser feita, é qual será o desfecho, menos por empatia aos personagens, impossível de ser conseguida com tal baixo nível de dramaticidade, mas em termos de um crescente endurecimento autoritário do regime chinês, inclusive em Hong Kong, país co-produtor, quando se faz um paralelo, por exemplo, com os heróis liberais que se insurgiam um tanto idealisticamente, e algumas vezes próximo de auto-destrutivamente, contra o sistema. Infelizmente, é um resultado que o filme tampouco traz com seu tosco final. Chinese Shadows/Volya Films. 83 minutos.

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