Filme do Dia: O Aviador (2004), Martin Scorsese
O Aviador (The Aviator, EUA, 2004). Direção: Martin Scorsese. Fotografia:
Robert Richardson. Música: Howard Shore. Montagem: Thelma Schoonmaker. Dir. de
arte: Dante Ferretti, Martin Gendron, Robert Guerra, Michele Laliberte, Claude
Paré, Réal Proulx & Daniel Ross. Cenografia: Francesca LoSchiavo. Figurinos: Sandy Powell. Com: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, John C. Reilly, Alec Baldwin, Alan Alda, Ian Holm,
Danny Huston, Gwen Stefani, Jude Law, Willem Dafoe.
O milionário excentrico Howard Hughes
(DiCaprio) envolvido com suas três maiores paixões, a aviação, mulheres e o
cinema. No primeiro caso, os projetos megalomaníacos para construção de aviões
grandiosos, sempre testados de primeira mão pelo próprio. No segundo, seus
romances com algumas das atrizes mais influentes do período como Katharine
hepburn (Blanchett) e seu fracasso em conquistar outras divas como Ava Gardner
(Beckinsale). No último a produção de um épico de guerra de proporções
monumentais ao custo da então fenomenal bagatela de 4 milhões de dólares,
chamada Hell´s Angels. As
excentricidades de Hughes, sobretudo sua obsessão com limpeza, acabarão
levando-o ao confinamento e, paradoxalmente, ao descuido com a própria
aparência física. Ao não entrar em acordo com os interesses escusos do Sen.
Ralph Owen (Alda), é processado pelo governo americano, tendo Owen na
liderança.
Falta vitalidade nessa produção
grandiosa de época repleta de reconstituições cenográficas deslumbrantes que
não conseguem apagar a própria inocuidade do projeto. Ao optar pela escala
grandiloquente Scorsese perdeu uma chance de se aproximar de maneira mais densa
e íntima desse ícone às avessas da cultura americana, já que embora marcado por
mirabolantes projetos de ordem monumental, onde nenhum detalhe fugia ao seu
controle e motivados por seu próprio caráter empreendedor, como reza o Sonho
Americano, igualmente levado a um longo
período de obscurantismo e loucura. Nesse sentido, tudo soa demasiado
esquemático e a aproximação da psicose do protoganista se torna menos
explicável pelo próprio conteúdo construído pela trama que pelo surrado recurso
de um prólogo inicial, no qual sua mãe lhe alerta sobre os perigos das
epidemias mortais de sua infância.
Sobram as cansativas interpretações que procuram mimetizar as formas de
falar das celebridades retratadas, como as incorporadas por Blanchett e
DiCaprio e metragem desnecessária que transformam o filme em um enfadonho
exercício burocrático, já que se não se consegue “acreditar” no pacto proposto
pela ficção, perde-se a motivação para acompanhar o desenrolar da trama e
tampouco esse distanciamento forçado suscita qualquer efeito dramatúrgico
interessante quanto no melhor cinema autoral europeu e asiático contemporâneo.
Porém, se é exigir muito de uma produção do gênero, pode-se afirmar que
tampouco ela consegue vazar para uma outra esfera que transcenda os “ valores
de produção” e se constitua em algo de mais complexo, seja nas produções de
Kubrick ou mesmo nas super-produções mais inspiradas de Coppola, tais como Apocalipse Now. Warner Bros./Miramax Films/IEG/Forward Pass/Appian
Way/Coppa Productions/IMF & Co.3 Produktions KG para Warner Bros. 170
minutos.
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