Filme do Dia: As Novas Aventuras de Tarzan (1935), Edward A. Kull & Wilbur McGaugh

 


As Novas Aventuras de Tarzan (The New Adventures of Tarzan, EUA, 1935). Direção: Edward A. Kull & Wilbur McGaugh. Fotografia: Edward A. Kull & Ernest F. Smith. Música: Mischa Bakaleinikoff. Montagem: Harold Minter, Thomas Neff, Edward Schroeder & Walter Thompson. Dir. de arte: Charles Clague. Com: Bruce Bennett, Ula Holt, Ashton Dearholt, Frank Baker, Lewis Sargent, Harry Ernest, Dale Walsh, Jiggs.

Tarzan (Bennett) viaja a selva guatamalteca para encontrar o amigo desaparecido D´Arnot. Ele junta-se a expedição de Matling (Baker) que busca uma cidade perdida onde se encontra o ícone de uma deusa valiosa. Os planos de ambos despertam a cobiça do inescrupuloso Raglan (Dearholt).

Esta série para o cinema, produzida pelo próprio Bourrughs, parece ser o lado B das produções para a Metro que eram efetuadas na mesma época com Johnny Weissmuller encarnando Tarzan. Aqui tudo é mais precário, das interpretações canhestras ao sistema de sonorização de péssima qualidade. Restam o compósio de clichês das produções do gênero como Tarzan enfrentando as bestas e o marcado etnocentrismo – em certo momento, o massacre de nativos guatamaltecos por uma metralhadora ganha proporções inéditas que vão além das gráficas quedas de despenhadeiros, aqui também presentes. Tampouco a dimensão erótica escapa a essa produção, sendo que o momento em que a líder da tribo se interessa por Tarzan e se inclina sobre ele, bem mais ousado do que a produção convencional poderia apresentar à época. Algumas seqüências conseguem ser constrangedoramente canhestras para além da média, como a que Raglan se apresenta ao grupo, despertando comentários desconfiados. Ao contrário de seu contraparte mais rico, e mais próximo de sua fonte original, aqui Tarzan não se escusa em falar em perfeito inglês e vestir os melhores trajes na viagem, além de possuir um grito diferenciado e possuir como companheira, bem mais apagada, talvez porque menos amestrada, a chimpanzé Nikma, tal como no livro, e não Chita como na produção da Metro. Curiosamente a apresentação inicial, com a figura de Tarzan enquadrada em um círculo com moldura trabalhada parece uma ironia com o próprio logotipo da Metro. Nessa cópia se encontram os seis primeiros episódios da série, que sempre terminam com uma ocasião de suspense que será retomada no episódio seguinte, estrutura vigente até hoje nas telenovelas. O fato de ter sido mais fiel ao romance de Bourrughs que a série de longas contemporânea (o fato de ambas as séries disputarem as telas se deve ao fato de nunca se ter dado exclusividade de direitos autorais a nenhum produtor) e ter sido o único filmado efetivamente em locação não chega a redimir essa produção que talvez possua como único charme o fato de se aproximar mais do caráter serial das histórias de aventuras populares dos quadrinhos. Bennett veio a falecer com 101 anos, em 2007. Burroughs-Tarzan Enterprises Inc/Deaholt, Stout & Coen para Burroughs-Tarzan Enterprises Inc.

 

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