Filme do Dia: A Múmia (1959), Terence Fisher
A Múmia (The Mummy, Reino Unido, 1959). Direção: Terence Fisher. Rot. Original: Jimmy Sangster. Fotografia: Jack Asher. Música: Franz Reizenstein. Montagem: Alfred Cox. Dir. de arte: Bernard Robinson. Com: Peter Cushing, Christopher Lee, Yvonne Furneaux, Eddie Byrne, Felix Aylmer, Raymond Huntley, George Pastell, Michael Ripper.
Nos anos 1890, equipe de arqueólogos liderados por Stephen Banning (Aylmer) descobrem a intocada tumba da Princesa Ananka. Porém, a leitura de um documento que se encontra na tumba faz com que uma múmia (Lee) retorne a vida. Banning fica traumatizado ao ver a múmia viva e não mais recobre a razão, sendo internado em uma instituição que cuida de pessoas com transtornos mentais. Alguns anos após, um crente nos rituais de Karnak, Mehemet Bey (Pastell) conduz a múmia a vingar aqueles que, a seu ver, profanaram o templo e a deusa. A primeira vítima é John Banning, que antes de morrer havia contado tudo a seu incrédulo filho, John (Cushing). Tendo seu tio atacado igualmente pela múmia, John acredita que será sua próxima vítima. Ele tenta convencer, sem sucesso, o Inspetor Mulrooney (Byrne), que somente muda de ideia quando observa vários fatos condizentes com o relato de John. Esse sofre uma invasão da múmia em sua residência, sendo salvo no último momento por sua esposa, Isobel (Furneaux), que se assemelha a Ananka e possui certo domínio sobre a criatura. John espera a qualquer momento por uma nova investida do monstro, após visitar pessoalmente Mehemet e travar uma tensa conversa.
Mestre na elaboração de cenários de interiores que extremamente sintonizados com sua habitualmente bela fotografia, torna-se talvez no maior trunfo das produções da Hammer, que revivem em cores as narrativas que haviam celebrizado os estúdios Universal quase três décadas antes. Se Lee, de longeva carreira (ainda em atividade cinco décadas e meio após essa produção) aqui praticamente somente pode ser percebido pelos olhos e formato de seu rosto, completamente coberto de bandagens do início ao final, Karloff, na primeira representação nas telas do monstro conseguia uma solução que conciliava tanto a presença de seu rosto, devidamente maquiado quanto não se tornar necessário os toscos movimentos que acompanham a criatura aqui presentes – no filme de Freund a múmia não é vista em nenhum momento, enquanto caracterizada como tal, movendo-se. Certamente os cenários de estúdio que reproduzem o ambiente externo do filme são bem mais pobres e menos atmosféricos que o da produção norte-americana igualmente. Tampouco a tensão envolvendo a energia sexual que vinculava a criatura a figura que é objeto de amor do herói é aqui representada com o mesmo elã da produção anterior. E tampouco se torna necessário o longo flashback que visualiza a leitura de John sobre o ritual no Egito antigo que condenou Kharis, como é conhecida a múmia, a ser um eterno morto-vivo (que as balas aparentemente façam efeito contra ele ao final, quando não tinham provocado o menor em momento anterior é um mistério), aborrecido.Com uma cenografia e direção de arte excessiva e kitsch, além do flashback desnecessário citado, recurso narrativo que havia sido pensado na produção anterior e sabiamente limado. A transposição da narrativa para o século XIX provavelmente diz respeito igualmente a uma adequação aos cenários mais tipicamente presentes nas produções de horror da Hammer como o dos filmes de vampiros, ambientados em período semelhante. O filme foi distribuído nos EUA pela Universal, após um acordo com a companhia britânica que possibilitou a utilização de vários nomes e referências das produções do estúdio. Hammer Film Prod. 86 minutos.
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