Filme do Dia: Carlitos no Estúdio (1916), Charles Chaplin
Carlitos no Estúdio (Behind the Screen, EUA, 1916). Direção: Charles Chaplin. Rot. Original: Vincent Bryan, Charles Chaplin & Maverick Terrell. Fotografia: Roland Totheroh. Montagem: Charles Chaplin. Cenografia: George Cleethorpe. Com: Charles Chaplin, Edna Purviance, Eric Campbell, Lloyd Bacon, Henry Bergman, Charlotte Mineau, Wesley Ruggles, Leota Bryan.
David (Chaplin) é um contra-regra explorado à exaustão por seu patrão, Golias (Campbell). Ele se apaixona por um dos trabalhadores do estúdio que ainda não sabe ser uma garota (Purviance). Os colegas de David entram em greve. Os grevistas se aproximam do estúdio com dinamite como vingança, mas são observados pela garota. A simulação das tortas na cara escapa para a produção de outros filmes, incluindo um drama histórico.
Mesmo o filme bem expressando a lógica dos cargos subordinados como efetivando todo o trabalho enquanto seus chefes levam vida mansa e com uma abordagem de gênero ousada, embora Shakespeare já fizesse uso de recursos similares séculos antes, de uma maneira geral o filme não é tão interessante quanto Dia de Estreia, de dois anos antes, a quem parcialmente deve sua estrutura – assim como Carlitos na Contraregra. E isso se dá por não tirar partido de forma tão intensa da indústria – lá um fã que termina por se imiscuir na própria produção de filmes, aqui todo a história transcorrendo já como bastidores de filmagens. Na cena em que Golias flagra o que seria David (numa das poucas vezes em que Chaplin foi personificado não somente como o vagabundo, numa evidente referência bíblica) beijando outro homem, suas piruetas jocosas seriam observadas pelo próprio Chaplin em outros filmes. A tirada das estátuas de nus masculino e feminino, que o puritano assistente organiza para que o olhar da estátua masculina não fica a observar a feminina provavelmente foi reapropriada em uma das cenas mais divertidas de Roma: Cidade Aberta. A melhor de todas se dá quando o espetáculo típico do pastelão, as tortas na cara ultrapassam o set da comédia e atingem o filme sério-dramático. Fazendo uma referência oblíqua ao mundo longe das câmeras, vários filmes do período curiosamente acenam para uma reação literalmente explosiva de determinados setores sociais – aqui artistas grevistas contra seus empregadores, no filme de Keaton O Enrascado, anarquistas contra policiais. Existe uma versão com 7 minutos a mais. Lone Star Corp. para Mutual Film. 23 minutos e 31 segundos.
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