Filme do Dia: Trabalhadoras Metalúrgicas (1978), Renato Tapajós & Olga Futemma

 


Trabalhadoras Metalúrgicas (Brasil, 1978). Direção Renato Tapajós & Olga Futemma. Rot. Original Olga Futemma. Fotografia Washington Racy. Montagem Olga Futemma.

Indo bastante direto ao assunto esse documentário, aparentemente propositalmente sem grandes firulas estéticas (quando se pensa, em contraposição, na abordagem de um curta de meia década após como Chapeleiros) para provavelmente servir como alimento para discussões dentro do próprio sindicato que o co-produziu – e, na abertura do congresso com participação exclusiva de mulheres quem o abre é ninguém menos que o presidente do sindicato à época, um imberbe Luís Inácio Lula da Silva. Inicia com uma fala de uma trabalhadora que afirma-se dividida entre querer voltar como o próprio sexo, mas também como homem, devido as diferenças salariais para o mesmo tipo de trabalho e depois faz um rápido comentário, mais que apanhado histórico, em cima de um punhado de ilustrações históricas de mulheres trabalhadoras do século XIX, já havendo discriminação salarial. Embora uma ou outra fala se dê apenas por voz over, na maior parte das vezes se dá sendo filmada, o que pode ter provocado  a demissão de algumas delas, quando se leva em conta que muitas perderam seus postos de trabalho por muito menos. Numa das falas, uma trabalhadora resume a questão do conflito trabalhista ao enfrentamento físico, afirmando que eles gritam com as mulheres, porque sabem que não esperarão pelos chefes na saída, como algum homem faria se recebesse grito de outro. Há também flagrantes de momentos de lazer das trabalhadoras na praia, entre as amigas, colegas de trabalho e namorados, ao som de Não Se Esqueça de Mim, de Roberto Carlos, que soa como uma opção musical irônica, pois voltada no plano das imagens menos para algum arranjo romântico que para momentos que contrapõem as mulheres no trabalho aos de lazer, como se mesmo no momento de lazer não fosse esquecido o trabalho. Destaque para o momento em que se registra a abertura do congresso de 200 mulheres metalúrgicas e é bastante sintomático da época que nenhuma mulher esteja no palco e tenha fala nesse momento de abertura. Filmado em 16 mm.  |Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema/Raiz Prod. Cinematográfica/Oca Cinematográfica. 17 minutos e 20 segundos. 

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