Filme do Dia: O Preço da Glória (1949), William Wellman

 


O Preço da Glória (Battleground, EUA, 1949). Direção: William A. Wellman. Rot. Original: Robert Pirosh. Fotografia: Paul Vogel. Música: Lennie Hayton. Montagem: John D. Dunning. Dir. de arte: Cedric Gibbons & Hans Peters. Cenografia: Edwin B. Willis. Com: Van Johnson, John Hodiak, Ricardo Montalban, George Murphy, Marshall Thompson, Jerome Courtland, Don Taylor, Bruce Cowling, James Whitmore, Leon Ames, Denise Darcel.

No inverno de 1944, um esquadrão da 101 Divisão Aérea é deslocado para Bastogne, França, para lutar contra os nazistas na Batalha de Bulge.

Ainda que longe do realismo pungente e pouco habitual de um filme como Um Punhado de Bravos (1945), o filme consegue um retrato relativamente moderno da situação de um pelotão, detendo-se, sobretudo em sua primeira metade, na camaradagem masculina habitualmente retratada nos filmes de guerra (como é o caso de Asas, por sinal dirigido pelo mesmo Wellman ou Sem Novidades no Front), de forma algo maçante. Sem ter um protagonista definido, é o próprio pelotão que assume o papel, algo não exatamente incomum ao gênero. Não faltam tampouco o momento em que um conflito casual que chega as vias de fato entre dois soldados é devidamente solapado pelas explosões que os fazem lembrar quem de fato é o inimigo. Ou ainda a passagem para a vida como homem do desajeitado jovem que chega ao pelotão completamente deslocado. Tocante é a cena em que finalmente se dão conta do colega que havia conseguido se refugiar sobre uma camada de neve, apenas para encontrar seu gélido cadáver. Os alemães, longe de demonizados, habitualmente se encontram fora de quadro e deles apenas ouvimos as consequências de seus bombardeios, tiros e gritos. Ao optar pela perspectiva ótica semelhante a dos próprios soldados americanos, o filme acentua a tensão, aproximando-se de estratégias que eram utilizadas com ainda melhor sucesso em gêneros como o fantástico (Sangue de Pantera). Os franceses, ou melhor, as francesas – sendo o maior destaque dentre elas Denise Darcel, que faria parte de uma segunda linha de europeias em produções hollywoodianas durante um período relativamente breve – e os alemães falam suas respectivas línguas, algo já  comum nos filmes neorrealistas, mas ainda incomum nas produções americanas. Infelizmente a discrição com relação a uma mensagem explicitamente ideológica se desfaz próximo de seu final com um desnecessário sermão do capelão sobre a ameaça ao mundo livre representada pelos únicos a quem realmente interessa a guerra, os nazistas. Sem disfarçar o uso que faz em seu final das imagens de arquivo, de textura bastante diferenciada, o filme faz ao menos três menções ao cinema de então. Uma mais explícita ao fato de Betty Grable ter trocado Cesar Romero por Harry James. Outra mais sutil, com o ruído excêntrico provocado pela dentição de um dos soldados imitando o da batida do sapateado dos musicais. Assim como a marcha do pelotão ao início, quase uma discreta coreografia e reproduzida, com menos viço ao final, por conta de todo o sofrido, mas com um esforço de parecer melhor para os soldados que chegam ao front. Produzido pelo legendário Dore Schary. A mesma batalha voltaria a ser tema no filme Uma Batalha no Inferno (1965). MGM. 118 minutos.

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