Filme do Dia: O Salmo Vermelho (1972), Miklós Jancsó

 


O Salmo Vermelho (Még Kér a Nép, Hungria, 1972). Direção: Miklós Jancsó. Rot. Original: Gyula Hernádi. Fotografia: János Kende. Música: Támas Cseh. Montagem: Zoltán Farkas. Dir. de arte: Tamás Benovich. Cenografia: Tilda Gáti. Figurinos: Zsuzsa Vicze. Com: Márk Zala, Bertalan Solti, Ágnes Music, Ágnes Lipták, József Madaras, Tibor Molnár, Tibor Orbán, Péter Haumann.

Grupo de camponeses organiza um movimento revolucionário em 1890, inspirados pelos ideais da Revolução Francesa e tendo que lidar com a repressão do exército, com a influência da igreja e com as visões distintas dentro do próprio grupo camponês.

A forma distinta de narrativa que Jancsó passa a emprender desde meados da década anterior aqui demonstra estar em seu auge. O mais interessante é o quanto sua peculiar montagem e sua não demarcação entre personagens principais ou secundários, assim como o forte simbolismo de sua imagens e sua recusa a uma interpretação naturallista, todas características do cinema vanguardista soviético produzido nos anos 1920, vem novamente aqui a ressaltar a dimensão social sobre o drama individual, mesmo que de forma estética bastante distinta daquela produção. Sua opção por uma narrativa épica se consagra num impressionante esforço de contar uma história abdicando da decupagem convencional, e o senso espaço-temporal é completamente minado. Aqui o tempo é apresentado de forma dinâmica sob o mesmo espaço em que a câmera empreende inadecritáveis piruetas e a música surge como outro elemento a provocar um distanciamento emocional. Surpreendente é o quanto é contado em menos de 30 planos. Ainda que o resultado final seja notável, enquanto uma maneira de fazer frente a ortodoxia narrativa ao mesmo tempo que parece empreender comentários subliminares sobre a Primavera de Praga e empreender igualmente um “musical” que tampouco se filia ao cânone do gênero seja ocidental ou do Leste Europeu, apresentando um senso teatral e operístico de interpretação e apresentação das cenas, tampouco deixa de sentir os efeitos de seu arrojado propósito: comunicação rarefeita da trama, sobretudo da metade para o final e, pior que tudo, tédio.  Prêmio de direção em Cannes. Mafilm. 87 minutos.

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