Filme do Dia: 21 Up (1977), Michael Apted

 


21 Up (Reino Unido, 1977). Direção: Michael Apted. Fotografia: George Jesse Turner. Montagem: Andrew Page.

Sutis mudanças ocorrem no terceiro filme da série em relação a sua matriz (Seven Up). Elas são tanto tecnológicas (agora são imagens em cores, como as do segundo), estilísticas (reduz-se as imagens observacionais, aumenta-se a cota de entrevistas diretas, a voz over agora é também dos próprios depoentes, além do narrador) e também de recorte – agora as mulheres tem talvez um pouco mais destaque que na produção original. E coroando essas mudanças se encontra, evidentemente, a própria utilização massiva de imagens de arquivo do primeiro filme da série e, com bem menos frequência, do segundo, 7 Plus Seven (1970), inclusive sendo observados em telas por eles próprios, mas não discutidos propriamente (como fazem os atores naturais do célebre e precursor Crônica de um Verão de Rouch). As diferenças sociais se agudizam na forma em que os mais escolarizados tendem a ter uma capacidade de articulação habitualmente maior, algo que já se observava na infância, assim como de cumprir e ter objetivos a longo prazo – um dos garotos que afirmou que gostaria de estudar no Trinity College, de Oxford, hoje estuda direito no mesmo, enquanto outro, negro e de família humilde, não consegue visualizar nenhuma projeção futura às indagações habituais do realizador para os próximos sete anos – lembrando que Apted voltaria a encontrar boa parte deles a cada sete anos, tendo ido ao ar  o último 63 Up há apenas dois dias de quando escrevo. Não se sabe exatamente se Apted também apresentou imagens dos dois documentários anteriores individualmente para seus agora 14 atores naturais, mas aparentemente o fez com Neil. Uma cor de desesperança aparece já em várias das falas ao final, sobretudo a de Suzi, que afirma um clássico “você sonha toda a infância em se tornar adulta e independente e quando chega lá quer ter 3 anos” ou algo do tipo. Mas também em Bruce quando afirma, em tenso depoimento, em outras palavras, que não encontra prazer no sexo. Tony talvez seja o mais carismático de todos, dada sua espontaneidade, inclusive no primeiro filme da série, quando ainda não se ficava tão definidas as personalidades e Neil poderia ser algo próximo, enquanto Suzi surgia um tanto reticente a beira da antipatia em seu depoimento. Sua duração é bem mais longa que os dois anteriores. Granada Television para ITV. 100 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso