Filme do Dia: Par le Trou de la Serrure (1901), Ferdinand Zecca

 


Par le Trou de la Serrure (França, 1901). Direção Ferdinand Zecca.

Voyeurismo e cinema são quase sinônimos, seja como metáfora (o ato expectatorial diante de uma obra que não acusa a existência de uma assistência), dispositivo de exibição (sobretudo no caso do quinetoscópio de Edison, observado individualmente) ou enredos mesmo, como é o caso em questão, a simular um homem a observar os arranjos de uma mulher pelo buraco da fechadura. Desnecessário se imaginar o ângulo ideal de observação e a generosidade da fechadura, emulada por uma máscara na imagem. A mulher se maquia, solta o cabelo. Em outro quarto, o homem, um faxineiro de uma provável pensão feminina, observa uma mulher de mais idade que a primeira, tirar um enchimento do corpete (a dimensão erótica está muito associada a estas produções, embora curiosamente na figura da mulher mais velha e não da jovem), os cílios  e tomar sua medicação. Como já se parecia adivinhar, a segunda “mulher” também tira a peruca, demonstrando ser um homem travestido, indignando o xereta. Em um terceiro quarto, um casal comemora bebendo. No seguinte, é flagrado por um cavalheiro que o escorraça a pontapés. Além de observador da vida alheia, o xereta também tem consciência de ser observado, pelo espectador, a quem em apenas uma única vez se dirige. |Pathé Frères. 2 minutos.

 

 

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