Filme do Dia: Assassinato por Morte (1976), Robert Moore
Assassinato por
Morte (Murder by Death, EUA, 1976).
Direção: Robert Moore. Rot. Original: Neil Simon. Fotografia: David M. Walsh.
Música: Dave Grusin. Montagem: John
F. Burnett. Dir. de arte: Stephen B. Grimes & Harry Kemm. Cenografia:
Marvin March. Figurinos: Ann Roth. Com: Alec Guiness, Peter Sellers, Peter
Falk, David Niven, James Coco, Maggie Smith, Truman Capote, Elsa Lanchester,
Eileen Brennan, Estelle Winwood, James Cromwell, Richard Narita, Nancy Walker,
James Cromwell.
Alguns
dos mais famosos detetives do mundo são chamados para um jantar em uma mansão
excêntrica, cujo mordomo além de cego é o desastrado Bensonmum (Guiness), que
inclui um assassinato. A mansão pertence ao pernóstico Lionel Twain (Capote), e
os convidados são Milo Perrier (Coco), Miss Marbles (Lanchester), Sam Diamond
(Falk), Dick Charleston (Niven) e Sidney Wang (Sellers). Miss Marbles traz o
que anteriormente fora sua cuidadora (Winwood), Charleston sua esposa, Dora
(Smith), o Sr. Wang, seu filho adotivo, Willie (Narita), Milo seu motorista
Marcel (Cromwell). Surge ainda uma empregada surda-muda, como recém-contratada,
Tess (Brennan).
Se
o filme já fora antecedido por uma primeira incursão recente no filme de
charada com super-elenco, Assassinato no Expresso do Oriente (1974), de Lumet, ele aqui as parodia com um humor
alguns graus abaixo da bazófia de outro sucesso recente, O Jovem Frankenstein, lançado no mesmo ano do filme de Lumet. Os
personagens parodiados são Hercule Poirot (aqui vivido por um afrescalhado
Coco, como sinal de elegância impertinente daquele) e Miss Marple de Cristhie,
Charlie Chan, o filho de Earl Biggers e Sam Spade e Nick Charles foram reunidos
no personagem vivido por Niven, ambos da pena de Dashiell Hammett. Não falta o
criterioso cenário, evocativo dos anos 20 e 30, onde a maior parte desses seres
ficcionais se movimentava, e também herdeiro do cuidado extremado com o item
que havia sido o da produção de Mel Brooks. Alguns atores trazem um tom de
sofisticação extra a sátira de Brooks. São eles sobretudo o impagável Guiness,
Brennan e Winwood, ainda que os dois primeiros extraiam a maior parte de seu
humor de deficiências físicas. Não menos devedor do universo de Brooks é a
campanhinha sob forma de grito (e não um grito qualquer, mas o da heroína de King Kong, Fray Way). Embora Simon tenha se tornado mais
reconhecido pela crítica, por roteiros ou adaptações suas que evocam comédias
de costumes, algumas delas também com ambiente restrito e elenco estrelar (caso
de California Suite), esse talvez
tenha sido um de seus maiores sucessos comerciais, a cargo de um diretor
relativamente inexpressivo, Moore, de carreira sobretudo vinculada à TV e a
direção teatral, com apenas dois outros longas para cinema (todos os três
adaptações de Simon). Não à toa geraria um sucedâneo dois anos depois, com
recepção menos feliz por parte de público e crítica, O
Detetive Desastrado, também amparado por extenso elenco, e vários dos
colaboradores aqui presentes (Falk, Brennan, Coco, Cromwell), assim como
direção também de Moore. Com todas as suas tiradas engenhosas, o filme peca por
certa inocuidade de parodiar um subgênero por si mesmo inócuo e praticamente
incapaz de boas resoluções em seu modelo clássico, com exceção de algumas
variações que ousaram ir além das motivações básicas, todas aqui presentes, com
adição de elementos de horror (mansão assombrada, noite de chuva e de raios, um
anfitrião excêntrico vivido pela única encarnação de Truman Capote como ator),
tais como Jogo Mortal (1972), de
Mankiewicz. E abusando de auto-condescendência, ao final, quando o quesito é parodiar o ingrediente
rocambolesco que habitualmente se incorporava em tais tramas policiais dos
autores em questão, sobretudo talvez Agatha Cristhie. Moore dois anos após trabalharia na direção da peça teatral que seria adaptada para o cinema por Lumet (Armadilha Mortal), de perfil próximo. Columbia Pictures/Rastar
Pictures para Columbia Pictures. 95 minutos.
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