Filme do Dia: Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019), Rupert Goold
Judy:
Muito Além do Arco-Íris (Judy, Reino
Unido/França/EUA, 2019). Direção: Rupert Goold. Rot. Adaptado: Tom Edge, a partir da peça End of the Rainbow, de Pete Quilter.
Fotografia: Ole Bratt Birkeland. Música: Gabriel Yared. Montagem: Melanie
Oliver. Dir. de arte: Kave Quinn & James Price. Cenografia: Stella Fox. Figurinos: Jane Temime. Com: Renée Zellweger, Jess Buckley, Finn
Wittrock, Rufus Sewell, Michael Gambon, Richard Cordery, Royce Pierreson, Darci
Shaw, Andy Nyman, Bella Ramsey, Lewin Lloyd.
Londres, 1968.
Judy Garland (Zellweger) é contratada para uma série de shows em um
teatro, o que vem bem a calhar em um momento de finanças difíceis, inclusive
para manter os filhos Lorna (Ramsey) e Joey (Lloyd), de seu casamento com Sid
(Sewell). Seu alcoolismo e vício em anfetaminas, que se tornou crônico a partir
de um uso precoce, motivado pelas pressões do estúdio, e de seu inescrupuloso
chefão Louis B. Mayer (Cordery) sobre uma jovem insegura (Shaw), pondo-a, por
vezes – e também a sua assistente direta, Rosalyn (Buckley), em maus lençóis.
Burocrática cinebiografia em que Zellweger
passa a fazer uso excessivo dos trejeitos faciais que Garland utilizava sempre,
apostando no mimético como densidade dramática. Há uma crítica à indústria do
entretenimento posta pelo narrador, quando observa o nível de controle sobre
seus contratados que Louis B. Mayer exercia e pela voz de sua personagem
principal, quando afirma ser Judy Garland apenas uma hora por dia, o restante
do tempo sendo uma pessoa como outra qualquer. Como qualquer filme ambientado
na época, tira partido da atmosfera em que se ambienta, de forma modesta em
relação ao que Era Uma Vez em...Hollywood fez em sua evocação da Los Angeles contemporânea, mas nem por
isso destituída de alguns excessos. Aposta na identificação de Judy como ícone
gay, na figura de dois fãs de
carteirinha que terminam a noite cozinhando erraticamente para a sua estrela e
em sua vulnerabilidade emocional acentuada pelos desacertos matrimoniais e pela
ausência dos filhos que, em um golpe de misericórdia próximo ao final, decidem
ficar mesmo com o pai, como esse havia dito e Judy (e talvez o espectador
também) não acreditara. Destituído de ritmo, um filme sobre Garland talvez só
ganhasse o verdadeiro apelo dramático que merecia se fosse dirigido por um realizador como
Cassavetes, com quem chegou a trabalhar ao final da carreira, o que seria
virtualmente impossível de acontecer. BBC Films/Calamity
Films/Pathe UK/Twentieth Century Fox. 118 minutos.
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