Filme do Dia: O Homem de Aran (1934), Robert Flaherty

 


O Homem de Aran (Man of Aran, Reino Unido, 1934). Direção, Rot. Original e Fotografia: Robert J. Flaherty. Música: John Greenwood. Montagem: John Goldman. Com: Colman “Tiger” King, Maggie Dirrane, Michael Dirrane, Pat Mulin, Patch “Red Beard” Ruadh, Patcheen Faerty, Tommy O´Rourke, Stephen Dirrane.

Tal como em seu mais célebre filme, Nanook, o Esquimó (1922), Flaherty centra foco em outra comunidade cuja única ocupação não parece ser outra que a da luta pela própria sobrevivência em condições naturais adversas, e faz com que membros dessa comunidade representem a si próprios. Seus belos planos abertos que recortam a diminuta figura humana ganham uma força épica comovente, sobretudo quando associados a uma fúria majestosa da natureza. Não é nenhum pouco improvável que, tal como em Nanook, Flaherty tenha feito com que os pescadores utilizassem técnicas já ultrapassadas para o seu período para fins de maior efeito dramático. Aqui os acompanhamos lutando contra os imensos vergalhões de água que se chocam contra as pedras, procurando algas para forjar um “solo” em que se torne possível plantar batatas ou sofrendo agruras de dois dias para caçar um gigantesco tubarão que terá como único fim a produção de óleo para acender seus querosenes. Até mesmo o universo lúdico infantil, representado pelo filho do “personagem” principal, não captura um caranguejo apenas como fins de animal de estimação (tal qual o garoto de A História de Louisiana fará com seu guaxinim), mas com o objetivo de utiliza-lo posteriormente como isca de pesca. A rudeza das condições de vida pode ser entrevista na cena em que o marido puxa literalmente a mulher pelos cabelos quando procuram se desvencilhar das ondas que se chocam contra as pedras, na seqüência inicial. Como em todos seus filmes mais marcantes, os diálogos são apenas um “adereço” estético-etnográfico a mais na composição épica da luta do homem com seu destino. Aqui, ainda mais que em Nanook ou Lousiana, a comunidade parece viver completamente à parte do mundo exterior. Gainsborough Pictures. 77 minutos.

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