Filme do Dia: Os Carrascos Também Morrem (1943), Fritz Lang

 



Os Carrascos Também Morrem (Hangmen Also Die, EUA, 1943). Direção: Fritz Lang. Rot. Original: Bertolt Brecht, Fritz Lang & John Wexley. Fotografia: James Wong Howe. Música: Sam Coslow & Hans Eisler. Montagem: Gene Fowler Jr. Dir. de arte: William S. Darling. Figurinos: Eleanor Behm. Com: Brian Donlevy, Walter Brennan, Anna Lee, Nana Bryant, Billy Roy, Dennis O´Keefe, Gene Lockhart, Tonio Selwart, Alexander Granach, Hans Heinrich von Twardowski.

Na Tchecoslováquia dominada pelo Nazismo, uma teia informal de resistentes esforça-se para não divulgar que o Dr. Svoboda (Donlevy) foi o assassino do líder nazista Heydrich (Twardowski), que comandava o país ocupado. Refugiando-se na casa da família Novotny, após Nasha (Lee) ter mentido para os policiais sobre o rumo que tomara, acabará sendo motivo para o aprisionamento do chefe da família, Stephan (Brennan). Assim como ele, mais de 300 suspeitos são presos e executados aos grupos. Com essa tática, os nazistas pretendem chegar ao assassino. Tentando incriminar o industrial delator Czaka (Lockhart), Nasha forja uma traição de seu namorado com o Dr. Svoboda. Porém, Czaka encontra contradições no depoimento de uma das testemunhas. Não conseguirá, porém, escapar do segundo complô de resistentes, em que é acusado de matar o inspetor de polícia Gruber (Granach) e do próprio líder nazista. A “descoberta” não chega a tempo de salvar Stephan, que é executado com a última leva de prisioneiros.

Exemplarmente contido na forma narrativa, virtualmente abdicando, inclusive, do habitual recurso da trilha sonora excessiva, o filme é uma tensa e original mescla entre os cacoetes dos filmes de suspense tradicional, estilo thriller noir com filme de propaganda política anti-nazista. Embora, enquanto propaganda política, seja muito superior à produção habitual, com seu digno tributo aos resistentes comovente em seu anti-sentimentalismo, seu ritmo é comprometido pela excessiva metragem e minuciosidade de detalhes típico dos enredos noir. Da mesma forma, a descoberta do assassino do carrasco parece obsessiva ao extremo, a ponto de secundarizar toda uma cultura de resistência, que vê-se livre do aprisionamento a partir do momento que o assassino seja identificado. Provavelmente tendo em vista essa excessiva centralização na descoberta de um indivíduo, mais que no grupo que lhe deu apoio na sua ação, o filme termina com um original “not the end”, destacando que o evento, por si só, não representou o final dos momentos de tensão social vividos pela Tchecoslováquia ocupada. Entre seus melhores momentos, encontra-se o que Czaka se trai ao deliciar-se com uma anedota alemã, embora alegue não saber a língua (evocativa de M) ou o que o pai (vivido com brilho pelo veterano Brennan) despede-se da filha com uma mensagem ao filho adolescente, que é repetida pelos lábios da filha. Muito de seu tom contido certamente deve-se a colaboração no roteiro do célebre dramaturgo Bertolt Brecht. O tema da traição e de grupos humanos procurando fazer justiça com as próprias mãos, como quando desconfiam da integridade de Nasha, é recorrente na obra do cineasta (em filmes como Fúria e M). A versão original conta com mais 10 minutos. Arnold Pressburger Films. 130 minutos.

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