The Film Handbook#201: Mel Brooks
Mel Brooks
Nascimento: 06/07/1927, Brooklyn, Nova York, EUA
Carreira (como diretor): 1968-1995
Durante os anos 70, os únicos diretores-roteiristas trabalhando consistentemente com comédia foram Mel Brooks (nascido Melvin Kaminski) e Woody Allen. Se, na época, os filmes do primeiro eram mais populares que os de Allen, em retrospecto, pode-se comprovar quão mais óbvios eram os métodos e alvos de Brooks.
Brooks entrou para o entretenimento como baterista de jazz e cômico de stand-up no final dos anos 40. Formando-se na escrita de roteiros com Carl Reiner, Larry Gelbart e, posteriormente, o próprio Allen, para o programa de TV de Sid Caesar, se vincularia depois ao cinema com o curta de animação The Critic, ganhador do Oscar da categoria, que escreveu e narrou. Porém foi seu longa de estreia, Primavera para Hitler/The Producers>1 que finalmente o converteria para a tela grande. Uma comédia de humor negro sobre os esforços de dois malandros que sonham em ser magnatas da Broadway, realizando fortuna ao encenar um infalível fracasso por razões de seguro, permanece de longe seu melhor filme. Não apenas porque seu enredo e personagens são de rara coerência, mas pela peça a ser encenada - os ensaios e estreia do obscuro musical nazista "Primavera para Hitler", com o Fuehrer interpretado por um amalucado e vaidoso hippie - ser gloriosa e insipidamente criativa.
Após Banzé na Rússia/Twelve Chairs (uma maçante comédia dramática ambientada na Rússia czarista), Brooks estabeleceu a fórmula de paródia que seria sua marca registrada. Banzé no Oeste/Blazzing Saddles>2 foi um flatulento e irregular amontoado de clichês de cowboys, notável principalmente por seu final caótico, com as ilusões cinemáticas jogadas pelo vento e uma perseguição frenética irrompe dos cenários de papelão do Oeste. Mais atraente, O Jovem Frankenstein/Young Frankenstein>3 ganhou em comicidade pelo evidente apreço de Brooks pelos clássicos do horror que satirizava. Com cenários extravagantes e soberba fotografia em preto&branco, em umas poucas cenas (o monstro aceso por um involuntariamente destrutivo eremita cego ou prestando seu tributo à caráter de Putting on the Ritz ao lado de seu criador) ele até mesmo consegue evocar a engenhosidade bizarra e macabra do próprio Whale.
Desde então, ambiguidades sexuais e escatológicas se tornam habituais enquanto Brooks busca outros gêneros para saquear. Parodiando a comédia muda (A Última Loucura de Mel Brooks/Silent Movie), suspenses hitchcockianos (Alta Ansiedade/High Anxiety), épicos históricos (A História do Mundo - Parte I/The History of the World Part I) e o estilo de ficção-científica a la Guerra nas Estrelas (S.O.S: Tem um Louco Solto no Espaço/Spaceballs), seu talento recuava à medida que suas próprias interpretações extravagantes cresciam em dimensão e vulgaridade. O que um dia havia sido, em Primavera para Hitler, uma astuta sátira às convenções do bom gosto, agora declinava em grosseiros estereótipos: gays histriônicos, mulheres objetificadas e incompetentes grotescos com sonoras neuroses. Pior, sua refilmagem do anti-nazista Sou ou Não Sou/To Be or Not to Be de Lubitsch substituía o verdadeiro humor negro de seu original por uma indulgente e despropositada cópia.
A dependência de Brooks em crescentes e embotadas paródias tem se tornado cada vez mais previsível e infantil; seus alcances e conquistas parecendo lamentavelmente limitados. Curiosamente, entretanto, sua companhia, Brooksfilms, também realiza material mais sério e interessante como O Homem Elefante/The Elephant Man de David Lynch e Nunca Te Vi, Sempre Te Amei>84 Charing Cross Road de David Jones.
Cronologia
Marcado inescapavelmente pela tradição judaica, a paródia indigente de Brooks parece ser uma herdeira direta das comédias de Abbott e Costello. Seu estilo irreverente e ousado pode ser observado não apenas como uma influência de antigos colaboradores Gene Wilder e Marty Feldman, mas precursor de figuras mais jovens como Dan Aykroyd e Chevy Chase, para não falar dos filmes da Academia de Polícia/Police Academy.
Destaques
1. Primavera para Hitler, EUA, 1968 c/Zero Mostel, Gene Wilder, Kenneth Mars
2. Banzé no Oeste, EUA, 1974 c/Cleavon Little, Gene Wilder, Brooks
3. O Jovem Frankenstein, EUA, 1974 c/Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman
Texto: Andrew, Geoff, The Film Handbook, Londres: Longman, p. 38
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