Filme do Dia: O Velho da Montanha (1933), Dave Fleischer
O Velho da Montanha (The Old Man
of the Mountain, EUA, 1933); Direção: Dave Fleischer.
Numa montanha, um
velho passa a aterrorizar animais e humanos. Betty Boop vai ao encontro dele e
passa a ser perseguida, sendo salva somente por conta dos animais que se reúnem
e atacam o velho.
Como em Minnie the Moocher, do ano anterior,
Cab Calloway e sua orquestra surgem ao início. Se o prólogo ao vivo não possui
qualquer organicidade com o universo animado e ficcional que se segue, sua
música não apenas provoca um elemento de continuidade entre os dois mundos,
como Calloway ou o homem negro, se dilatarmos a analogia, pode servir como
metonímia, inclusive, para uma personagem branca e velha tal como o vilão aqui
retratado, e sua energia sexual desmedida – o Velho encarna a voz de Calloway a
determinado momento. E Fleischer provoca uma torção maliciosa em um clichê
típico dos contos de fadas, apropriado ad
nauseum pelos filmes da Disney, em que os animais ajudam os humanos de “bom
coração” (Branca de Neve sendo seu
exemplo mais célebre) ao vincular a maldade, observada como uma entidade quase
abstrata nessas representações, de um componente de tara sexual bastante
saliente. E, afinado com tal recorte, a vitória sobre o velho se dá quando os
animais conseguem dar um nó no avantajado nariz do mesmo, alusão nada discreta
a uma castração do falo. E, de forma ainda mais explícita, a sexualidade
maníaca do velho é apresentada em suas consequências, uma mulher que desce a
montanha chorando com um carrinho de bebê na qual os três bebês que nele se
encontram são uma cópia fiel do próprio Velho. Fleischer Studios para Paramount
Pictures. 6 minutos e 55 segundos.
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