Filme do Dia: The News Magazine of the Screen, Vol. 7, n.5 (1957)

 


The News Magazine of the Screen, Vol. 7, n. 5 (EUA, 1957).

Inicia já com seu tópico mais polêmico e político. A invasão da Hungria pela União Soviética, para conter a primeira rebelião digna de nota, contra o sistema que ficou no Ocidente conhecido como Cortina de Ferro. E já em seus primeiros planos apresenta prédios semi-destruídos pela “ação brutal” soviética contra a heroica e indefesa população, ressaltando o narrador que os dois cinegrafistas que registraram tais imagens correram o risco de ser executados pelo exército invasor. 20 mil húngaros teriam sido mortos e observamos imagens (com uma trilha sonora que nada fica a dever as de Renzo Rossellini para os filmes neorrealistas de guerra do irmão) de refugiados se aproximando da fronteira com a Áustria apenas com as roupas do corpo. 1300 chegam de trem para se refugiar na Holanda, enquanto 16 outros países oferecem asilo para os cerca de 200 mil refugiados. Dentre os que partem para a Suiça, apenas nome e data de nascimento é pedida para um “futuro de esperança” (e observamos imagens de inocentes bebês sorrindo para a câmera como à guisa de comprovação visual do recém-afirmado). 21 mil exilados são recebidos pelos Estados Unidos de Eisenhower. Trata-se da maior operação de traslado aéreo já organizada pelo país na habitualmente enfática voz over e, para que consigam ter esperança até que a liberdade volte ao país natal dos mesmos, permanecerão sobre as faixas e estrelas da bandeira americana. As forças da Nações Unidas em Port Said são o segundo tópico. Alguns milhares de soldados são saudados em sua chegada, enquanto “agitadores comunistas” em meio a multidão são reprimidos pelas mesmas forças. A questão é o bloqueio pelo Egito do Canal de Suez, por onde é transportado 80% do petróleo necessário para o Ocidente se mover. A gasolina já falta nas ruas de Paris, e observamos uma fila de carros empurrada por seus motoristas. Descobertas Novas Ruínas de Pompéia. Alguns poucos planos apresentam imagens de novas descobertas no sítio arqueológico italiano, onde se observa um belo pórtico, alguns leões de pedras e seres humanos preservados pelas larvas (um deles se encontra no momento do coito?). Arte realizada em cabeças de alfinetes. Em oito anos, um artista italiano realizou sete detalhadas pinturas em cabeças de alfinete, efetuadas com o auxílio de uma lupa e visualizadas somente com um microscópio. Religião. Os Penhascos Sagrados de Montserrat. Uma peregrinação com uma imagem da Virgem Maria, pretensamente encontrada há mil anos, tem como cenário as exóticas (e ocasionalmente fálicas) formações rochosas da área. E no alto de sua formação mais íngreme, um pequeno grupo de devotos alpinistas, um deles carregando a imagem nas costas, sobe até o seu topo ( e a música da trilha sonora também sobe aos píncaros, a ressaltar a façanha). Zoologia. Mais primeiros planos de animais. O jacaré americano, que o narrador afirma ser mais pacífico do que habitualmente se pensa. Segue-se o exótico casuar das florestas neo-zelandesas e vizinho próximo do jacaré (porque, evidentemente, não se precisou ter o  trabalho de buscar imagens destes animais em seus habitat, já que estavam todos ali reunidos no Zoo do Bronx). O rinoceronte, de pouca inteligência e má têmpera. A girafa e o pinguim  são os outros animais escolhidos a partir de uma aproximação intensa, para só depois revela-los em sua inteireza, alguns casos dificultando a identificação (como no rinoceronte) e noutras não (como na girafa ou nos pinguins). Belezas da América. Um Monumento Nacional Subterrâneo. Aqui são as cavernas de Nevada que ganham destaque. E um “labirinto de corredores e túneis” de estalactites e estalagmites esta disponível para a visitação dos turistas nesse ex-cemitério indígena. E um guarda florestal toca numa composição de estalactites como se fosse um órgão ou como se sua ação continuada não prejudicasse as mesmas. Literatura. A Biblioteca Pública de Nova York. Segundo o narrador, trata-se da biblioteca com maior acervo, e também a mais visitada no mundo (algo que talvez o curta contemporâneo de Resnais, Toda a Memória do Mundo, não concorde de todo). E entre seus tesouros são selecionados uma partitura original de Beethoven, completada em 1811, que demonstra a paciência do compositor em sua reescrita musical, um exemplar do New York Times sobre o assassinato de Lincoln e uma bíblia de Gutemberg. Segue-se o mecanismo de encontro e entrega do livro buscado pelo aspirante a leitor/pesquisador, observado poeticamente no curta de Resnais e aqui com o habitual pragmatismo yankee. E apresenta-se, com orgulho, seu enorme espaço de leitura, que o narrador saliente ser somente a metade de todo o espaço para este fim. Apenas duas observações finais mais amplas. Há um deslocamento de temas mais pesados e ideologicamente marcados (as duas matérias iniciais) para mais leves e/ou frívolos e os cinejornais ainda guardam a tradição herdada do cinema mudo de fazer uso de cartelas que apresentam os tópicos, algumas vezes antecipados por um tópico mais genérico (religião, zoologia, etc.), que são reproduzidos aqui. | Pathé Pictures. 21 minuros e 51 segundos.

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