Filme do Dia: A Volta da Perdida (1949), Luigi Zampa
A Volta da Perdida (Campane a
Martello, Itália, 1949). Direção: Luigi Zampa. Rot. Original: Piero
Tellini, a partir de seu próprio argumento. Fotografia: Carlo Montuori. Música:
Nino Rota. Montagem: Eraldo Da Roma. Figurinos: Piero Gherardi. Com: Gina
Lollobrigida, Yvonne Sanson, Carlo Romano, Carlo Giustini, Clelia Matania,
Ernesto Almirante, Agostino Salvietti,Gino Saltamerenda, Eduardo De Fillippo.
Agostina (Lollobrigida) é uma
prostituta que fica sem seu ganha-pão após a partida dos soldados americanos.
Ela também decide voltar ao pequeno vilarejo, onde sempre fora malquista,
inclusive por seus próprios parentes. Porém, quando sabem que a fortuna que
fora endereçada a ela, havia ficado para um orfanato, toda a comunidade a
recepciona com honras. Ela se sente
lesada, mas dividida sobre qual atitude tomar. Quando decide reaver o seu
dinheiro, todas as crianças são postas ao relento e o padre, Don Andrea (De
Fillippo), antes de morrer, dispusera o dinheiro para que ela pudesse reaver.
Com profundo remorso, Agostina procura abandonar o local incógnita, mas acaba
sendo homenageada no porto, pelas crianças do orfanato, assim como boa parte da
população que vai prestar seu tributo.
Distante de seus melhores filmes, aqui
Zampa derrapa em um sentimentalismo que chega às raias do pieguismo, auxiliado
em grande parte pela bela trilha sonora de Nino Rota, um elemento bastante
presente na sua tentativa de manipulação emocional. A presença do exército
americano, que é tematizado mais diretamente em outros filmes de Zampa (Anni Difficili, Vivere in Pace) aqui ganha uma dimensão secundária. Porém, as
soluções dramáticas apresentadas ao longo e, principalmente, final do filme, tornam-se
decepcionantemente convencionais e bastante marcadas por uma culpa cristã, a
qual a própria Agostina, vivida por uma Lollobrigida antes da fama
internacional, vem a corroborar ao, de certo modo, aceitar que seja amada não
pelo que efetivamente é, mas por ter se “redimido” diante de todos com sua boa
ação, partindo provavelmente para uma vida não muito distinta da de antes, sem
qualquer suporte financeiro. As locações naturais podem criar uma superficial
associação com o Neorrealismo, que ainda se encontrava em pleno prestígio
internacional, mas sua dramaturgia é bem aproximada de motivos dramáticos mais
convencionais. Zampa rodou, simultaneamente, uma versão britânica, com elenco
inglês, certamente de olho no mercado internacional, ávido por produções
italianas que poderiam ser associadas com o Neorrealismo. Lux Film. 109
minutos.
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