Filme do Dia: O Invasor (2001), Beto Brant
O Invasor (Brasil, 2001). Direção:
Beto Brant. Rot. Adaptado: Beto Brant, Marçal Aquino & Renato Ciasca,
baseado no romance de Aquino. Fotografia: Toca Seabra. Montagem: Manga Campion
& Willen Dias. Dir. de arte: Yukio Sato. Figurinos: Juliana Prysthon. Com:
Alexandre Borges, Marco Ricca, Paulo Miklos, Malu Mader, Mariana Ximenes.
Gilberto (Borges) e Ivan (Ricca),
sócios de uma construtora, decidem matar o terceiro sócio. A proximidade do
crime, no entanto, faz com que o mais sensível Ivan, pense em desistir da
idéia. Gilberto, mais conhecido como Giba, não concorda em desistir e a
antecipação do crime, envolvendo inclusive também a mulher do sócio, faz com
que Ivan não tenha mais saída. Para complicar sua situação o matador Anísio
(Miklos), passa não só a freqüentar o ambiente de trabalho de Giba e Ivan, como
torna-se amante da orfã do casal que ele próprio matara, Marina (Ximenes). Ivan
apenas consegue relaxar com sua amante Cláudia (Mader), porém ao descobrir que
ela na verdade chama-se Fernanda e fora contratada por Giba, possui um surto de
fúria e acaba denunciando todo o plano à polícia.
Mais uma vez adaptando obra de Aquino,
Brant conseguiu realizar um filme com narrativa empolgante e engenhosa, hábil
senso rítmico assim como bom acabamento
técnico, a exemplo de Os Matadores,
seu filme de estréia e superior ao segundo filme, Ação Entre Amigos. Sua fotografia de cores esmaecidas e
profundamente granulada, tenta captar o universo retratado, de bairros
miseráveis da zona leste a inferninhos repletos de música e sexo com um que de
realismo documental nem sempre convincente. Tal busca é auxiliada por uma
trilha sonora composta fundamentalmente de raps.
Mais interessante talvez seja o próprio desenvolvimento de Anísio, como
comentário irônico sobre o desejo, a qualquer custo, de poder e riqueza, por
segmentos da classe despossuída. Assim como a paranoia que antecede e sucede ao
crime, movida à culpa e medo, típica de
boa parte da produção noir, que leva
Ivan às raias da histeria, transformando-o de inofensivo em um elemento
potencialmente perigoso. Cuidadoso na
direção de atores, Brant consegue extrair boas intepretações, sobretudo de
Miklos e Ricca. O final é inesperado. Drama Filmes. 97 minutos.
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