Filme do Dia: As Mãos Sobre a Cidade (1963), Francesco Rosi

 


As Mãos Sobre a Cidade (Le Mani sulla Città, Itália, 1963). Direção: Francesco Rosi. Rot. Original: Francesco Rosi, Raffaele La Capria & Enzo Forcella. Fotografia: Gianni Di Venanzo. Música: Piero Piccioni. Montagem: Mario Serandrei. Dir. de arte: Massimo Rosi. Cenografia: Sergio Canevari. Figurinos: Marilù Carteny. Com: Rod Steiger, Salvo Randone, Guido Alberti, Carlo Fermariello, Angelo D´Alessandro, Dany París, Dante di Pinto, Marcelo Cannavale.

O empreiteiro corrupto Edoardo Nottola (Steiger) se torna o pivô de um imbróglio político, quando um dos prédios que constrói acaba provocando o desabamento parcial de um prédio vizinho, arregimentando o líder da esquerda, de Vita (Fermariello), contra ele e tornando insegura a realização de um mega-projeto que ele pretende erigir em um local irregular. O episódio, que chama a atenção de toda a comunidade napolitana, interfere igualmente na escolha do novo prefeito e divide o centro e a direita. Porém, os arranjos políticos providenciam a triunfal inauguração do projeto de Nottola.

Um dos clássicos do cinema realista político italiano, realizado logo após o mais famoso filme do realizador, O Bandido Giulano (1962). Iniciando e finalizando com os mesmos planos aéreos e música retumbante de Nápoles, o filme aposta numa descrição seca, quase documental, do episódio, evitando qualquer aproximação psicológica de qualquer personagem, inclusive de seu protagonista. Observados de fora, através apenas de seus atos, o filme reforça a dimensão mais ampla, social, do embate entre forças políticas adversas, deixando igualmente de fora qualquer representação popular diretamente atingida pelo episódio que dá impulso à narrativa. Essa opção se encontra presente inclusive na sequencia mais impressionante do filme, a do desabamento do edifício. Ao final, um irônico comentário faz menção ao fato dos episódios e personagens retratados serem fictícios, mas bastante fincados em uma experiência social similar. Leão de Ouro no Festival de Veneza. 105 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso