Filme do Dia: Am I Trusthworthy? (1950)



 

Am I Trustworthy? (EUA, 1950).

Curta institucional que como dezenas de outros à sua época, se detém em formas de “educar” as interações sociais, boa parte deles, inclusive, voltando-se para a sexualidade de adolescentes. Aqui, o narrador over, com sua voz tipicamente adulta e viril, fala que se observará a história de um garoto, Eddie Johnson,  que possui problemas com a relação à constituição de sua própria confiança, algo que lhe foi despertado quando não foi votado como representante da tesouraria em um grupo na escola. Não possuindo, aparentemente, confiança que a própria história contada por Eddie a seu pai, sobre a não escolha dele para cuidar da tesouraria de um grupo estudantil criado, efetuado como os adultos, por não atores (daí a ausência de créditos tanto do elenco como da equipe técnica, o que também sinaliza para uma provável forma de se driblar os sindicatos), delega-se a voz over a explicação do que ocorre, tendo as imagens do mesmo função suplementar. Que essa intervenção dessa voz em um flashback que mimetiza uma narrativa de um personagem a outro, como habitualmente ocorre no campo ficcional, não chega a ser uma questão, e que também deve compreender os parcos recursos que essas produções deveriam ter, facilitando o processo de realização, e eliminando a quantidade de tomadas a serem refeitas, sobretudo provavelmente com as crianças. E a voz que já havia se tornado o duplo da voz da criança, o que também deve levar em conta, paradoxalmente, a questão da própria confiança e credibilidade que o curta pretende tratar, volta a efetuar a mesma função em relação às explicações paternas sobre a importância da confiança nas interações sociais (o que está sendo ensinado pelos professores, a confiança que um colega de escola deposita em outro, de que os comerciantes estão lhe vendendo produtos saudáveis, etc.). logo fica evidenciado que se trata de uma questão menos de auto-confiança que de compreensão, com Eddie afirmando que nunca pensara nesses termos (de confiança e da construção gradual dessa) o que vivenciara. A artificialidade de toda a situação tem seu clímax ao final, quando Eddie demonstra através de um esquema que escreve em seu caderno, que compreendeu as lições sobre confiança que lhe foram ensinadas (pelo pai, e ainda mais pela voz over fantasmática!) Embora a apresentação de famílias fragmentadas seja muito mais comum na produção audiovisual brasileira que norte-americana, provavelmente por motivos econômicos e de interesses explanativos, não há qualquer menção a existência de uma mãe de Eddie/esposa de seu pai. | Coronet Instructional Media. 10 minutos e 21 segundos.

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