Filme do Dia: My Dog Tulip (2009), Paul Fierlinger & Sandra Fierlinger

 

My Dog Tulip (EUA, 2009). Direção: Paul Fierlinger & Sandra Fierlinger. Rot. Adaptado: Paul Fierlinger & Sandra Fierlinger, a partir do livro de J.R. Ackerley. Música: John Avarese. Montagem: Paul Fierlinger.

Provavelmente será difícil encontrar outro exemplar de longa-metragem, que não seja experimental, no campo da animação, que agregue tantos elementos que potencialmente o afastariam do grande público: abordagem não sentimental; narrado do início ao final, mesmo que a narração se dê como se o escritor do texto falasse as coisas, sua tônica é a da palavra escrita e não a do diálogo; excentricidade de seu dono e um tom blasée, com sotaque inglês, proveniente de uma outra época; ausência  de grandes ações ou de uma missão a ser enfrentada em oposição à obsessão em torno da cadela que leva o título; acentuação das funções fisiológicas do animal, incluindo fezes, sistema excretor e sexualidade; protagonista-narrador de idade avançada e que mal fala sobre si próprio. Portsanto, deve-se levar em conta o alto grau  de engajamento que o filme parece exigir para que o espectador o aceite. Muito maior, comparativamente, que até mesmo excêntricos como Wes Anderson exigiriam em filmes também envolvendo cachorros (Ilha dos Cachorros). Como os Fierlinger não tiveram que se preocupar quanto ao retorno do dinheiro investido, aparentemente, resta ao espectador apreciar ou não o produto final. Quando se detém em especulações mais miúdas, se assim podem ser chamadas, a animação em cores mais detalhada é substituída por garranchos em p&b, muitas vezes antropomorfizando os cachorros que estão sendo descritos, inclusive a própria Tulip. Tocante em seu final, quando o Ackerley construído pelo filme, afirma que nunca encontrara seu amigo ideal em qualquer ser humano outro que na companhia de Tulip pelos quinze anos em que viveram juntos. A provável homossexualidade do autor não é mais que sugerida, o que talvez tenha sido um tento caso siga similar orientação do livro. Dentre as vozes que povoam o elenco destaca-se a do principal, Christopher Plummer. Isabella Rossellini e Lynn Redgrave também emprestaram as suas.  Dedicado a Susan Stanwood Kaminsky, falecida esposa do produtor dessa animação. Norman Twain Productions. 83 minutos.