Filme do Dia: Delírio de Loucura (1956), Nicholas Ray
Delírio de Loucura
(Bigger than Life, EUA, 1956).
Direção: Nicholas Ray. Rot. Adaptado: Cyril Hume, Richard Maibaum, a partir do
artigo de Burton Roueche. Fotografia: Joseph MacDonald. Música: David Riskin.
Montagem: Louis R. Loeffler. Dir. de
arte: Jack Martin Smith & Lyle R. Wheeler. Cenografia: Stuart A. Reiss
& Walter M. Scott. Figurinos: Mary Wills. Com: James Mason, Barbara Rush,
Walter Matthau, Robert F. Simon, Christopher Olsen, Roland Winters, Rusty Lane,
Rachel Stephens.
O professor
Ed Avery (Mason), marido e pai exemplar, começa a apresentar transtornos de
personalidade após se medicar com cortisona para combater uma grave doença que
o acometeu. Suas principais vítimas são sua própria mulher, Lou (Rush) e o
filho Richie (Olsen). Lou é aconselhada pelo amigo Wally (Matthau) a internar
Ed, mas acredita que agindo assim acabaria com sua carreira e decide enfrentar
o desafio de lidar com seu comportamento cada vez mais estranho em casa. No
auge de seu delírio, Ed decide matar o próprio filho, ficando Lou completamente
desesperada. Wally chega na hora certa e o detém. Após permanecer sedado por
horas ele retorna a consciência.
Filme
talvez menos interessante por si próprio do que como metáfora em que o delírio
de um psicótico torna-se a própria abrogação de tudo quanto era mais caro ao
Sonho Americano, provocando uma lenta e gradual desconstrução na “família
perfeita”. Como se Ray quisesse mostrar o quanto de potencialmente fascista
pode existir para além dos bons modos do americano médio. Para tanto, ele
consegue construir um clima claustrofóbico em que praticamente toda a ação, em
seus momentos mais tensos, ocorre na casa da família protagonista. Ed, vivido
talvez de um modo demasiado acentuado por Mason, ao menos para os padrões
contemporâneos, tem a “desculpa”, em última instância, de que todo o seu transtorno se deve ao uso do
medicamento, podendo se dar ao luxo de expressar tudo o que habitualmente nos
inibimos diante das convenções sociais. Nesse sentido, a potencial descrição
de um viciado não é abertamente ligada a questão do vício por opção, como é o
caso do heroinômano contemporâneo de O Homem do Braço de Ouro, de Preminger. Curiosamente é o cinema, via
televisão, que salva o menino do delírio do pai. Quando se pensa que a música
de carrossel que faz com que Ed derrube a faca seja produto de sua mente
delirante, logo se evidenciará que se trata de um filme exibido na televisão. É
interessante perceber como o crescente interesse por temáticas sociais faz com
esse filme seja uma adaptação (com a presença de vários nomes não creditados
como Cliford Odets) de um artigo jornalístico, algo impensado pouco tempo
antes. Marilyn Monroe, que filmava Nunca fui Santa no estúdio ao lado,
gravou uma ponta como enfermeira que foi posteriormente eliminada a pedido do
estúdio. Twentieth Century Fox Film Co.
95 minutos.
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