Filme do dia: Brasileiros em Hollywood (1970), Salvyano Cavalcanti de Paiva



Brasileiros em Hollywood (Brasil, 1970). Direção: Salvyano Cavalcanti de Paiva. Fotografia: André Palluch.
Segundo a narração desse curta um tanto acadêmico, os dois brasileiros pioneiros foram Syn de Conde e Antonio Rolando (1896-1943), que trabalharam como atores entre o final dos anos 10 e idos da década seguinte. Apesar do triunfo referido pelo narrado, de ambos, ao apresenta-los contracenando com celebridades da época, não apenas os papéis dos dois foram habitualmente secundários (Syn de Conde chega a sequer ser creditado em algumas de suas primeiras fitas, o que era comum então) como aparentemente Rolando teve uma única participação em um filme Hollywoodiano. De toda forma, antes da eclosão do cinema sonoro, estavam de volta ao Brasil. Olympio Guilherme (1902-73) e Lia Torá (1907-72) foram o rapaz e moça ganhadores do concurso da Fox efetuado no Brasil para uma possível carreira hollywoodiana. Apesar de acadêmico, o documentário sofre pela ausência de créditos dos filmes que apresenta trechos. De Alma Camponesa, por exemplo, mal se sabe se é uma produção norte-americana ou brasileira sem auxílio de dados externos – foi produzido, na verdade, por uma companhia americana fundada pela própria Torá a qual o documentário se refere, filmado em Hollywood, mas com atores e equipe brasileiros, ambientado no campo português (outro dado não revelado pelo documentário). De Guilherme nada se ouve sobre seu documentário a respeito dos percalços dos atores latinos em Hollywood, chamado emblematicamente de Fome e lançado no mesmo ano do filme de Torá, 1929.  Torá, que é observada em fotografia típica de pretendente a estrela da época, também estrelara em Hollywood, Cidade de Sonho, produzido em vista do mercado de língua hispânica, prática comum nos idos do sonoro e nicho ao qual provavelmente tais atores teriam se restringido se tal estratégia de mercado tivesse ido adiante. Foi numa produção similar que estrearia Raoul Roulien em Eram Treze, passando a ator coadjuvante de grande destaque ao lado do casal (de Sétimo Céu)  sensação da época, Janet Gaynor e Charles Farrell em Deliciosa, onde ao piano executava composição criada para o filme por George Gershwin. Teria o ápice de sua carreira, segundo o narrador, em Voando para o Rio (1933), no qual contracena com Dolores del Rio e Ginger Rogers e faz papel de padre em A Marcha dos Séculos (1935), de John Ford. A maior parte das referências cinematográficas se dá através de stills e a ausência de depoentes então ainda vivos, como Syn de Conde e Roulien,  além do rápido e um tanto truncado depoimento de Guilherme, não são exatamente alvissareiros. Não menos estranho é o relativamente pouco tempo dedicado a Carmen Miranda (será que por ser de origem portuguesa? Pelo crítico  não concordar com sua representação genérica de latina em Hollywood, embora os outros também, em menor ou maior medida, também o fossem?) Dos 15 anos que separam a morte de Miranda dessa produção não há mais qualquer menção a brasileiros em Hollywood, seja por somente se levar em conta a Hollywood clássica, seja, mais provavelmente, por de fato não ter havido qualquer destaque mínimo digno de registro. Instituto Nacional de Cinema. 19 minutos.

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