Filme do Dia: O Homem de Papel (1976), Carlos Coimbra


O Homem de Papel : Poster
O Homem de Papel (Brasil, 1976).  Direção: Carlos Coimbra. Rot. Original: Carlos Coimbra & Ezaclir Aragão. Fotografia: Oswaldo de Oliveira. Música: Ezaclir Aragão & Beto Strada. Montagem: Carlos Coimbra. Dir. de arte: Carlos Coimbra & Flávio Phoebo. Cenografia: Pedro Rossi. Com: Milton Moraes, Vera Gimenez, Zbiegniew Ziembinski, José Lewgoy, Teresa Sodré, Ezaclir Aragão, Jece Valadão, Esdras Guimarães.
Carlos (Moraes) é um repórter policial que se vê enredado em um complô para mata-lo, desde que passou a investigar o perigoso – e poderoso -  traficante de drogas Rivoni (Ziembinski). Ele insiste na investigação e é demitido do jornal em que trabalha, sequestrado por homens a serviço de Rivoni e deixado ao lado de um cadáver. Porém, não desistirá da investigação.
Tosca produção dirigida por Coimbra, profícuo realizador de filmes destinados ao consumo popular imediato. Produção rara a ser filmada no Ceará no momento, utiliza-se de suas locações na cidade de Fortaleza como eventual isca turística, já que provavelmente parcialmente subsidiado por órgãos públicos e empresários locais. As interpretações constrangedoramente canhestras, com destaque nesse quesito para o protagonista vivido por Moraes, assim como o som de qualidade bastante reduzida, e os diálogos indigentes tornam-se um empecilho para uma pretensa ambiguidade disposta em sua sinopse, sobre a fraqueza do herói que se imagina sempre além do que de fato é. Dito isso, talvez não se torne tão dissonante assim da produção contemporânea brasileira mais efetivamente vinculada a uma lógica de cinema de gênero. Apresentando algumas firulas em termos de movimentação com a câmera e uma trilha musical (de co-autoria de Aragão, que parece ser o “autor intelectual” do projeto, tal a quantidade de cargos que acumula) que pretende suscitar o suspense, o mais comum é que desperte o humor involuntário, assim como a quantidade de locações escolhidas sem qualquer função outra que a de divulgar o que seriam pontos atrativos de uma cidade ainda bastante modesta em termos de tecido urbano, e praticamente destituída de veículos automotores – a esmagadora maioria das cenas um tanto frequentes realizadas com carros e perseguições ocorre sem qualquer concorrência efetiva de um trânsito, algo que aparentemente não se deve a interdições vinculadas à produção. Sodré vivencia a contraparte meiga da femme fatale que se pretende erigir de Gimenez. De forma um tanto desarticulada se apresenta alguns momentos de insinuação erótica, que aqui sem dúvida soam mais deslocadas que na pornochanchada, como a cena em que a personagem vivida por Sodré se encontra com Carlos em um carro e o herói se encontra visivelmente excitado.  Cinedistri/ Nortfilmes do Brasil. 98 minutos.

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