Filme do Dia: Cidade Tenebrosa (1953), André De Toth


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Cidade Tenebrosa (Crime Wave, EUA, 1953). Direção: André De Toth. Rot. Adaptado: Crane Wilbur, Bernard Gordon & Richard Wormser, a partir do conto de John Hawkins & Ward Hawkins, Criminal’s Mark. Fotografia: Bert Glennon. Música: David Buttolph. Montagem: Thomas Reilly. Dir. de arte: Stanley Fleischer. Cenografia: William L. Kuehl. Figurinos: Moss Mabry. Com: Gene Nelson, Phyllis Kirk, Sterling Hayden, Ted de Corsia, Charles Bronson, Jay Novello, Nedrick Young, James Bell.
Fugitivos de San Quentin assassinam um policial em meio a um assalto a um posto de gasolina. Um deles, Gat Morgan (Young), ferido pelo policial, tenta refugiar-se na casa de Steve Lacey (Nelson), que abandonou a vida criminal e agora apenas pretende levar uma pacata existência ao lado da esposa Ellen (Kirk). Morgan chamara o médico veterinário e escroque Hessler (Novello), que já o encontra morto ao chegar. Logo chegará igualmente o Tenente Sims (Hayden), que faz uso de métodos heterodoxos para tentar ter acesso a quadrilha através de Stacey, pondo em risco ele e sua esposa. Penny (de Corsia) e Hastings (Bronson), os fugitivos sobreviventes, enredam Lacey em um assalto a banco.
Se o tema – do passado condenando o herói redimido – está longe de peculiarmente original no universo noir, visualmente é uma lição de modernidade desde os seus primeiros planos, a apresentarem a aproximação da ação criminal em um posto de gasolina com o frescor e imediaticidade de poucos, incluindo a referência do frentista a canção de Doris Day que escuta no rádio. Sensação que acompanha o filme ainda por um longo tempo, em chave completamente distinta do relato distanciado que possui como motor uma ação no passado e a utilização da voz over/flashback. As arrojadas angulações, como a que o mendaz inspetor vivido por um Hayden que, com seus habituais tiques, divide com o herói, compõem estranhas volumetrias evocativas do universo dos quadrinhos. Como tampouco deixa de ser habitual no ciclo de filmes em questão, Steve se vê entre dois pólos de pressão e corrupção que nada ficam a dever um ao outro, sendo polícia e banditismo duas faces da mesma podridão humana. Dentre as licenças também conseguidas com o Código Hays existe a do casal principal, sublime transgressão à época, compartilhando a mesma cama. Cenas como essa e do assalto ao início provavelmente não passaram desapercebidas de realizadores europeus que estreariam alguns anos após, como o Godard de Acossado. Nelson também teve uma profícua carreira como diretor, alguns deles veículos para Elvis Presley. Filmado em menos de duas semanas. Warner Bros. 73 minutos.

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