Filme do Dia: O Castelo Vogelöd (1921), F.W. Murnau
O Castelo Vogelöd (Schloss Vogeloed, Alemanha, 1921).
Direção: F.W. Murnau. Rot. Adaptado: Carl Mayer & Berthold Viertel, baseado
no romance Rudolf Stratz. Fotografia: Lázló Schäffer & Fritz Arno Wagner.
Dir. de arte e Cenografia: Hermann Warm. Com: Arnold Korff, Lulu Kyser-Korff,
Lothar Mehnert, Paul Bildt, Olga Tschechowa, Paul Hartmann, Julius Falkenstein,
Georg Zawatzky, Loni Nest.
A Baronesa Safferstätt é aguardada com
ansiedade por um pequeno grupo de aristocratas no Castelo Vogelöd (Tschechowa).
Porém, antes dela chega o Conde Johann Oetsch (Mehnert), que não havia sido
convidado e é o principal suspeito da morte de seu irmão Paul (Hartmann), então
casado com a Baronesa. O clima no castelo fica cada vez mais tenso com a
chegada da Baronesa e o anúncio de Oetsch, que acredita possuir dons
premonitórios, de que um tiro soará no castelo. A Baronesa espera com ansiedade
a presença do Padre Faramund, a quem revela o que acontecera na misteriosa
noite, desvendando o segredo do assasinato e inocentando Oetsch.
O admirável equilíbrio entre sonho e
realidade já se encontra surpreendentemente entretecido nessa obra anterior ao
mais célebre Nosferatu (1922). Aqui,
como em outro filme de Murnau, com roteiro de Mayer, posterior (Tartufo), a arte do disfarce ajudará a
desvendar a covardia por trás de um ato criminoso – dimensão também constante
na obra de Lang contemporanea, ainda que para auxliar os “gênios do mal”, em
filmes como os da série Dr. Mabuse. A
construção da atmosfera de suspense é bastante instigante e sobreviveu ao
tempo. Destaque para as duas cenas notáveis em que o universo do terror e dos
fantasmas pessoais invade a realidade, ainda que onírica. Na primeira, um dos
convidados é surpreendido por uma gigantesca e tenebrosa mão invadindo a janela
do seu quarto e tragado por ela. Na segunda, talvez ainda mais perturbadora e
moderna, observa-se o Padre Faramund revertendo a situação de um cozinheiro
mais velho que batera por indisciplina em um ajudante na cozinha do castelo,
fazendo com que a criança agora deguste à vontade o prato que fora motivo da
sanção e, ainda por cima, revide no adulto. Essa segunda inserção se torna
ainda mais perturbadora por não apresentar nenhuma motivação diegética clara e
por transformar em assustadora uma ação que seria originalmente cômica, recurso
de deslocamento que depois seria utilizado até se transformar em cacoete nos
filmes de horror. Se tais inserções se encaminham para o sobrenatural, as que
são vinculadas a ordem do flashback,
representando as reminiscências da Baronesa, parecem ser o único contraponto de
luz e amplidão diante do cada vez mais sufocante interior do palácio – até a
caça tem que ser cancelada por conta da chuva. Infelizmente, a cópia em questão
possui um áudio em espanhol que traduz os entretítulos, péssima e invasiva
opção para filmes mudos. Uco-Film GmbH
para Decla-Bioscop AG. 75 minutos.
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