Filme do Dia: A Paixão de Ana (1969), Ingmar Bergman


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A Paixão de Ana (Em Passion, Suécia, 1969). Direção e Rot.Original: Ingmar Bergman. Fotografia: Sven Nykvist. Montagem: Siv Ludgren. Dir. de arte: P.A.Lundgren. figurinos: Mago. Com: Max von Sydow, Liv Ulmann, Bibi Andersson, Erland Josephson, Lars-Owe Carlberg, Erik Hell, Barbro Hiort af Ornäs, Annika Kronberg.
            Andreas Winkelmann (Sydow), um homem que vive isolado em um ilha sueca após a recente separação de sua esposa, torna-se amigo de um grupo que inclui o casal Eva (Andersson) e Eli Vergerus (Josephson) e sua futura amante, Anna (Ulmann), Em um certo momento, Elis abandona a ilha por motivos de trabalho e sua esposa, em desespero e solidão, vai até a casa de Andreas e mantém relações com este. Anna se aproxima de Andreas e passam a manter um relacionamento, inclusive morando juntos. Os conflitos com Anna se tornam crescentes. Grande parte das fobias de Anna se deve ao acidente no qual vivenciou a morte do marido e de seu bebê, deixando-a com problemas em uma das pernas. Alguns animais aparecem mortos na ilha e a principal suspeito é  Johan Andersson (Hell), um sujeito tido como louco, que posteriormente vem a ser assassinado. Em seu caminho de busca de algo sincero, o casal Andreas e Anna chegam às emoções mais radicais, inclusive agredindo-se mutuamente.
Esse que é tido por muitos como o primeiro filme colorido do cineasta – o que não é verdade, já que ele havia dirigido anteriormente a incomum pretensa comédia Para Não Falar de Todas Essas Mulheres, antecipa muitos dos elementos dos dramas psicológicos que enfocam relações entre casais – muitas vezes com o mesmo nome dos personagens – que o cineasta realizará com sua então companheira Ulmann, na década de 1970. Trata-se, porém, de um filme menor na carreira de Bergman, já que os dramas vivenciados pelos personagens não conseguem impor o mesmo senso de universalidade e transcendência para além deles próprios que seus melhores trabalhos do período, sejam A Hora do Lobo (1968) ou Gritos e Sussurros (1972). Tampouco tornam-se igualmente fundamentais as inserções em que os quatro atores principais comentam sobre características psicológicas de seus personagens ou alguns elementos do roteiro que, aparentemente, não possuem qualquer relevância maior para a trama, como a questão da morte dos animais e do assassinato de seu pretenso autor. No primeiro caso, tem-se a impressão de que apenas se assiste, com alguns toques de sofisticação, as tolas explanações banais de atores sobre seus personagens em qualquer programa televisivo. Sequências de sonho, como o de Anna, em p&b, é uma recorrência na produção do cineasta, presente em filmes tão diversos quanto Morangos Silvestres ou A Hora do Lobo. Conta com uma direção de atores como sempre impecável, em que se destaca a beleza penetrante de Ulmann. Sua montagem seca e abrupta, apresenta igualmente momentos de suaves fades em branco (explorados magnificamente, em tons vermelhos, em Gritos e Sussurros), como quando ocorre a transição da fala dos atores para o retorno a “ficção”. Seu tom, relativamente auto-condescendente e excessivamente autocentrado nas dores de seus personagens em comparação aos melhores filmes do cineasta, incorpora igualmente o terror diante de imagens de violência exibidas pela televisão, como a do famoso assassinato de um jovem diante das câmeras durante a Guerra do Vietnã (violência explorada, com melhor efeito, em Persona), para um horizonte em que se torna difícil perceber qualquer esperança. Tal dimensão parece ter provocado uma influência sobre a obra de Tarkovski, em filmes como O Sacrifício, em que mescla o tema do risco nuclear às preocupações existenciais de seus personagens, da mesma forma que a sequência em que Anna deixa cair uma tigela com leite, evoca cenas semelhantes em várias obras do cineasta russo. A narração em off, recurso pouco usual na obra do cineasta, é realizada pelo próprio Bergman.Cinematograph AB/Svensk Filmindustri. 101 minutos.


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