Filme do Dia: David, o Caçula (1921), Henry King
David, o Caçula (Tol´able David, EUA, 1921). Direção:
Henry King. Rot. Adaptado: Henry King & Edmund Goulding, baseado no romance
de Joseph Hergesheimer. Fotografia: Henry Cronjager. Montagem: W.
Duncan Mansfield. Com: Richard Barthelmess, Gladys Hulette, Walter P. Lewis,
Ernerst Torrence, Ralph Yersley, Forrest Robinson, Warner P. Richmond, Marion
Abbott, Edmund Gurney.
A vida tranqüila da família Kinemon no pacato
vilarejo é transformada com o atentado sofrido pelo irmão mais velho, Allen
(Richmond) por parte de um membro de marginais da família Hatburn, cuja jovem
Esther (Hulette), é objeto da paixão de David, o caçula da família Kinemon, há
muito tempo. A decisão de David de revidar o que ocorreu com o irmão provoca a
morte do pai Hunter (Gurney), em um ataque cardíaco fulminante. Sem qualquer
fonte de renda, a família muda-se para um bairro mais pobre, e David renega a
amizade de Esther. Consegue, no entanto, trabalhar em um armarinho local e por
força das circunstâncias, torna-se o cocheiro que leva o malote de correio,
despertando o orgulho da mãe (Abbott). Porém, sua missão é dificultada pela
ameaça dos Hatburns, que ficam com o
malote. Enfrentando-os, David consegue matar os três e cumprir suas responsabilidades
até o final, para a surpresa de todo o vilarejo que já o dava como morto.
Esse primeiro grande sucesso da
longeva carreira de King demonstra sua direta influência de Griffith,
construindo um melodrama de iniciação típico, sendo toda a narrativa construída
no sentido da afirmação do protagonista, posto a prova com a invalidez do irmão
mais velho e a morte do pai, e após momentos de vacilação, conquistando a
afirmação de sua masculinidade no seio de uma sociedade de moral e papéis
sociais muito bem delimitados. Muitos dos elementos que voltariam a ser
trabalhados por King em produções posteriores, como uma certa construção
pastoral do ambiente vivenciado pelos protagonistas e o idílio amoroso
associado com uma virtude caracterizada na pureza de David e sua amada já se
encontram aqui presentes. Por outro lado, a caracterização do vilão, igualmente
sem qualquer ambiguidade presente, recurso também enfatizado pela própria
construção narrativa, não deixa qualquer dúvida sobre a índole de todos os
personagens. Sua enorme fluência narrativa e apelo dramático ainda permanecem
relativamente interessantes, o que demonstra o talento do cineasta e sua enorme
influência em realizadores dos mais diversos, aqui no Brasil notadamente
Humberto Mauro, que se utilizaria em grande parte na caracterização de um vilão
igualmente detrator de animais domésticos em seu Tesouro Perdido (1927).
Barthelmess, figura freqüente nas produções de Griffith, seria incensado como
um dos atores mais em evidência do momento com essa produção, em grande parte
certamente ao tom pueril que encarna ao personagem, notadamente no início da
narrativa. National Film Registry em 2007. Inspiration Pictures.
99 minutos.
Obra-prima! Um dos dez favoritos de John Ford.
ResponderExcluirCom certeza, grande e influente filme.
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