Filme do Dia: The Primitive Lover (1922), Sidney Franklin


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The Primitive Lover (EUA, 1922). Direção: Sidney Franklin. Rot. Adaptado: Frances Marion, a partir da peça de Edgar Selwyn. Fotografia: David Abel. Dir. de arte: Stephen Goosson. Com: Constance Talmadge, Harrison Ford, Kenneth Harlan, Joe Roberts, Charles Stevens, George C.Pearce, Chief John Big Tree, Mathilde Brundage.
Mulher, Phyllis (Talmadge), sente que seu casamento não mais proporciona a mínima emoção e que o marido, Hector (Ford) perdeu ou nunca teve um maior ímpeto aventureiro. Suas referências são as presentes no livro The Primitive Lover, escrito por Donald Wales (Harlan), que havia sido namorado de Phyllis e q dado como morto em uma expedição à América do Sul. Só que não só Wales não se encontra morto, como apresenta a manchete do jornal observada pelo pai de Phyllis e que Hector ignora
Essa previsível paródia do amor romântico é fortemente marcada por sua origem teatral, fazendo com que as cenas, sobretudo filmadas em interiores, sejam reprodução quase inequívoca de sua origem, nas entradas e saídas demasiado marcadas dos atores, assim como em suas próprias interpretações, incluindo a postura corporal. Sua premissa é, evidentemente conservadora, com o índio (vivido pelo índio de longa carreira no cinema Tree) “demonstrando” como se deve tratar uma mulher ao grã-fino e fazendo-o da forma mais humilhante possível, chutando-a sem dó nem piedade e dizendo que ela nunca possui razão em nada. Mesmo que o filme não aposte, evidentemente, nessa opção pelo mesmo viés, antes tornando o pacato herói vivido por Ford no amante primitivo que faz referência o título, ao mesmo tempo sinalizando implicitamente de forma reconfortantes para as espectadoras que seu homem pode ser bem mais interessante e genuíno que os modelos criados pela ficção como os do cinema. Tão maquínicas quanto a movimentação dos atores em cena é a forma como o enredo avança, seja empastelando a súbita aparição de Wales, como numa concretização do desejo de Phyllis, numa inclusão praticamente deus ex machina do casal de índios, cuja mulher é atingida justamente pelo livro de Wales, jogado janela à fora por Hector. Talmadge e Ford não sobreviveriam a passagem ao sonoro, enquanto Franklin teria carreira bem mais irregular como diretor. A importância de Talmadge à época pode ser medida por ela ter seguido o exemplo pioneiro de Mary Pickford e criado sua própria companhia. Destaque para a sequencia inicial, um falso prólogo in media res, tal como o de Contrastes Humanos (1941), de Preston Sturges e que, como naquele, pouco ou nada tem a ver com o ambiente em que de fato a história se desenrolará, e se naquele se tratava literalmente de um um trecho de filme assistido, aqui é a leitura de  um livro e sua fantasia pela heroína que são o pretexto para tais imagens. Constance Talmadge Film Co. para Associated First National Pictures. 69 minutos.


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